Na moda, o prêt-à-porter (pronto para vestir) nasceu para fazer contraponto à alta-costura, libertando as marcas da ideia de que fazer roupas para o dia-a-dia era uma criação menor. Em 1998, o diretor Antunes Filho se apropriou do termo para lançar o projeto que faz oposição aos espetáculos excessivamente dramáticos, levando ao palco encenações naturalistas, onde o ator se mostra mais consciente de sua arte. De lá pra cá, o “Prêt-à-Porter”, de Antunes, se consagrou. Em cartaz com a 10ª temporada, mostra que o simples pode ser igualmente emocionante.
Como de costume, o programa reúne três cenas, que são escritas, dirigidas e encenadas pelos próprios atores. Tudo com a supervisão de Antunes. Cada uma delas tem uma duração de cerca de 30 minutos. A interpretação é minuciosa e dá a impressão de que os personagens estão contando causos pessoais para a plateia.
A primeira cena é Adorável Callas. As atrizes Nara Chaib Mendes e Patrícia Carvalho vivem, respectivamente, uma envelhecida e debilitada artista e uma enfermeira um tanto despudorada. A narrativa da jovem parece não interessar à estrela, que se mantém distante na conversa, que alterna momentos de simpatia e de repulsa no público que a acompanha.
Na sequência, Marcos de Andrade e Natalie Pascoal estão em O Homem das Viagens. Um dos pontos altos do espetáculo é a performance de Andrade, como um impressionante psicopata canibal. Por fim, Cruzamentos, com Geraldo Mario e Marcelo Szpektor, retrata uma bizarra relação entre um patrão judeu e seu empregado, com um final de cena de tirar o fôlego.
Obviamente, Prêt-à-Porter não é uma peça aos amantes de megaproduções. O grande trunfo aqui é o texto repleto de reviravoltas, e capazes de produzir sensações controversas em questão de poucos minutos. E sem firulas. As informações são do Jornal da Tarde.
Prêt-à-Porter – Sesc Consolação (Rua Dr. Vila Nova, 245). Tel. (011) 3234-3000. Segundas, às 19h15. Até 31/10. 90 min. Ingresso: R$ 10. 16 anos.
