Músico João Carlos emociona platéia

Momentos de rara beleza musical puderam ser vividos na noite de anteontem no Teatro Guaíra, por aqueles que foram assistir à apresentação da Bachiana Chamber Orchestra, sob a regência do maestro João Carlos Martins.

Dizer que o repertório foi bem selecionado é redundância, pois toda obra de Bach é perfeita. João Carlos Martins, impossibilitado de tocar piano, fez curso de regência e foi com emoção total que conduziu o espetáculo.

É maestro que dispensa partitura por dois motivos: tem dificuldade de virar as páginas devido à lesão em suas mãos; tem todas as músicas de Bach gravadas em sua memória.

Privilégio de quem pôde compartilhar espetáculo com músico tão completo e perfeito. A música parece percorrer suas veias, ao invés do sangue. É vibrante.

Dá a impressão que os deuses, anjos, arcanjos, seres divinos incorporam João quando está interpretando.

Surpresa geral foi ao final do espetáculo, quando um piano foi introduzido ao palco e João Carlos, com toda limitação de movimento nas mãos, interpretou uma adaptação do Praeludim I de Bach, acompanhado da orquestra. Como não poderia deixar de ser, encerrou a apresentação dedilhando o Hino Nacional Brasileiro. Neste momento, as pessoas da platéia, silenciosamente, começaram a se levantar uma a uma, até que todas elas estavam em pé. Na seqüência os músicos repetiram o ato. E João, alheio a tudo, estava lá no seu mundo, tocando piano. Quando terminou, os aplausos pareciam nunca terminar, ninguém conseguia parar ou conter a emoção. E João Carlos chorou.

Até agora não sei se o ato de se levantar foi em homenagem ao Hino Nacional ou ao grande músico. Para mim foi para os dois.

Grandes astros são luminosos, não precisam de luz de outro astro para brilhar. João Carlos Martins é assim: tem luz própria.

Ieda Matias é jornalista.

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