Musical no Rio recupera sambas das décadas de 20 a 70

Há quatro carnavais, estreava no Rio “Sassaricando”, um musical que embalava a plateia num passeio pelo século passado através de marchinhas. O sucesso do primeiro – já foram 170 mil espectadores, em mais de 200 apresentações em teatros de todo o País, e ainda está programada uma volta no próximo verão – chancela “É Com Esse Que Eu Vou”, o segundo espetáculo assinado por Rosa Maria Araujo e Sérgio Cabral, que estreia amanhã, às 21 h, no Oi Casa Grande.

Saem as marchas e entram os sambas que também animaram carnavais dos anos 20 aos 70, nas ruas e nos salões da cidade. Ficaram os diretores, Claudio Botelho e Charles Möeller – responsáveis pelos melhores musicais da última década -, os músicos e quatro cantores-atores: Soraya Ravenle, Alfredo Del-Penho, Pedro Paulo Malta e Beatriz Faria. Os cantores Marcos Sacramento e Makley Matos, estreantes no teatro, e Lilian Valeska são os mais novos foliões.

Se em “Sassaricando” só os espectadores mais velhos cantavam as letras de primeira, agora o público do gargarejo à última fila reconhecerá, já nas notas iniciais, sambas como “Com Que Roupa?”, de Noel Rosa, de 1931, “Ai Que Saudades da Amélia”, de Ataulfo Alves e Mário Lago, de 42, e “A Voz do Morro”, de Zé Keti, 56. “Os sambas de carnaval tornaram-se clássicos; as marchinhas, não. Muitas delas eram circunstanciais, tratavam dos personagens e questões da cidade, a luz, o transporte. Os sambas falam mais de amor, do homem, da mulher”, justifica Rosa Maria, historiadora que preside o Museu da Imagem e do Som.

Durante 14 meses, amparada pela incrível discoteca do obstinado pesquisador Cabral (originalmente em 78 rotações, mas já transformada em CD), a dupla se reuniu uma vez por semana, para selecionar, entre 1.300 candidatas, as músicas que se encaixavam nos temas dessa biografia encenada do samba carioca: entre eles, as oposições entre ricos e pobres (como “Se Eu Tivesse Um Milhão”, de Roberto Martins e Roberto Roberti, que abre o espetáculo), orgia e trabalho (caso de “Falta Um Zero no Meu Ordenado”, de Ary Barroso e Benedito Lacerda) e briga e paz (“Mora na filosofia”, de Monsueto e Milton de Oliveira).

A louvação ao samba é representada por números como “Leva Meu Samba”, de Ataulfo Alves. Para Botelho, mineiro que chegou ao Rio em 1978, estar entre “gente do samba” facilitou seu trabalho. “Todo mundo aqui é sambista”, carimba o diretor, que optou por uma dramaturgia mais elaborada desta vez. “O carnaval das marchinhas é mais fácil, porque você pode arriscar no oba-oba, colocar todo mundo com a mãozinha pra cima. Agora tem mais dramaticidade.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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