Sua figura é icônica: moreno, grandalhão, barriga proeminente. Mas, mais marcante do que isso tudo, era sua voz, grave e cheia de suingue. Com ela – e com todo o corpanzil -, Sebastião Rodrigues Maia embalou romances e festas, dos anos 1970 até a sua morte, em março de 1998. Seu apelido, Tim, de tão simples, não condiz com a extravagância do músico, nascido na Barra da Tijuca. Tim Maia sempre foi extremo, exposto, exacerbado. Acima de tudo, sempre foi talentoso. Por essa razão, sua obra ainda se perpetua no imaginário popular e em ações culturais, 13 anos após sua despedida.
Exemplo disso é a peça “Tim Maia – Vale Tudo, o Musical”, que faz elogiada temporada no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, e que chega a São Paulo em 2012. O ano que vem, quando Tim completaria 70 anos, também marca o início das filmagens, em São Paulo, Rio e Nova York, do filme “Tim Maia” (nome provisório), produzido por Rodrigo Teixeira (“O Casamento de Romeu e Julieta”, de 2005, e “O Cheiro do Ralo”, 2007) e dirigido por Mauro Lima (“Meu Nome Não É Johnny”, 2008). Mauro também é coautor do roteiro, ao lado de Antônia Pellegrino (“Bruna Surfistinha”, 2011). O longa tem previsão de lançamento para 2013.
Para ouvir Tim também é fácil. Estão na praça relançamentos remasterizados, como Tim Universal Maia (Universal, R$ 160) e Coleção Tim Maia (Abril Produções, R$ 195), com 15 discos, incluindo o terceiro volume da série Racional, de 1975, que só foi lançado de forma oficial em julho deste ano. Além disso, quase que semanalmente, os pernambucanos do Dizmaia se apresentam em São Paulo, só com canções do “pai do soul brasileiro”.
Críticas – Quando descobriu que haveria uma audição para o papel de Tim Maia, em maio deste ano, o ator de musicais paulistano Tiago Abravanel (o neto de Silvio Santos) sentiu todo o peso da responsabilidade do papel. Com e sem o trocadilho. “Tinham me pedido uma música ‘mela-cueca’ e outra ‘esquenta sovaco'”, diz o jovem, de 23 anos. Ele escolheu “Eu Amo Você” e “Não Quero Dinheiro”, respectivamente. “Quando anunciei que iria interpretar essas canções, o João (Fonseca, diretor) disse que não gostava de Eu Amo Você”. Tiago conseguiu o papel e, em cartaz no Rio desde 9 de agosto, tem arrebanhado excelentes críticas com sua performance. “Tive a preocupação de não fazer uma cover das músicas do Tim, mas, sim, uma versão da obra dele”, explica.
Amigo de Tim Maia, seu biógrafo e roteirista do musical, o jornalista Nelson Motta, aprovou o desempenho do ator. “Foi uma das maiores emoções que a vida artística me deu em mais de 40 anos de atividade”, derrete-se. O seu livro, “Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia”, também será a base do filme de Mauro Lima. A produção enfrentou problemas para encontrar quem viveria o músico nas telas. A princípio, o escolhido era o músico carioca Duani Martins. “Seria ele, testamos, não rolou”, disse a roteirista Antônia Pellegrino. Duani rebate: “A história é muito confusa. Nada nunca chegou para mim de forma concreta.” Robson Nunes e Babu Santana são os nomes confirmados para viver o Tim jovem e adulto, respectivamente. Foi cogitada a participação da atriz brasileira Alice Braga, mas, segundo o produtor Rodrigo Teixeira, tudo depende de sua agenda internacional. As informações são do Jornal da Tarde.