Música clássica da erudição para o popular

Muitas pessoas dizem não gostar de canções eruditas porque não as compreendem ou simplesmente nunca as ouviram com um pouco de atenção. Para acabar com o mito de que este tipo de arte é voltado apenas para intelectuais ou espectadores que podem pagar caro para assistir a determinadas apresentações, existem, em Curitiba, diversas iniciativas que têm como objetivo a democratização da música clássica.

“No Brasil, ao contrário do que acontece na Europa, as pessoas não recebem uma educação voltada à tradição de assistir concertos. Entretanto, o povo é bastante aberto e receptivo. Quando é incentivado a assistir a uma apresentação, aceita bem a música erudita e se emociona. Por isso, é lamentável que o Ministério da Cultura não conte com muita verba e não tenha um fundo voltado à divulgação da música erudita, que precisa da ajuda do Estado para sobreviver”, comenta o pianista Miguel Proença, que é consagrado internacionalmente e hoje, no Teatro Positivo, realiza apresentação gratuita dentro da turnê Piano Brasil IV.

Beti Niemeyer/Divulgação
Proença: MinC deveria ter fundo para divulgação da música erudita.

Ainda no Teatro Positivo, existe o projeto “Domingo no Campus”, realizado no pequeno auditório, a preços populares (R$ 10 e R$ 5). A cada mês, são promovidas pelo menos duas apresentações de grandes nomes da música clássica. “O projeto teve início em 2005. Naquele ano, chegamos a realizar apresentação para uma platéia de apenas 12 pessoas, já conhecedoras de música erudita. Agora, nosso público médio é de 350 espectadores. Notamos que as pessoas que participam do projeto uma vez voltam e trazem com elas amigos e familiares”, diz a pró-reitora de extensão da Universidade Positivo, Fani Schiffer Durães.

No projeto, as apresentações são comentadas, tendo características didáticas. Antes do início, o público recebe informações a respeito dos autores e sobre o que vão ouvir. “A intenção disso é justamente que as pessoas não digam que não gostaram do que ouviram porque não entenderam. Queremos que o público saia do teatro sabendo o que foi apresentado e com a sensação de que aprendeu algo novo e diferente.”

Para o povo

No Teatro Guaira, no último domingo de cada mês, acontece o projeto “Teatro para o Povo”, onde peças de teatro, espetáculos de dança e concertos são realizados com entrada franca. Muitas vezes, na programação do projeto, estão incluídas apresentações da Orquestra Sinfônica do Paraná, criada no ano de 1985. “Os concertos da Orquestra são considerados carros-chefe do ‘Teatro para o Povo’, que tem como um dos objetivos a formação de platéia. Acredito que, ao longo dos últimos anos, muita gente passou a ouvir música clássica em função do projeto, principalmente entra a população com menores condições econômicas”, afirma a produtora do Teatro Guairá, Bia Reiner.

Outra que se dedica à democratização da música erudita é a Camerata Antiqua de Curitiba, que é composta por coro e orquestra e tem como sede a Capela Santa Maria, localizada na região central. Periodicamente, os cantores e instrumentistas, sob a regência de vários maestros convidados, se apresentam em igrejas da cidade, atraindo um público bastante variado. Os espetáculos costumam ser gratuitos e estar sempre lotados.

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