Domingo (20) é dia dos fãs de música sertaneja, caipira e popular disputarem um dos 100 lugares do Teatro Universitário de Curitiba (TUC), no Centro Histórico, para mais uma tarde do Canja de Viola. Há mais de três décadas, o show semanal é estrelado por músicos e cantores anônimos em busca da carreira artística ou simplesmente de fazer o que gostam par ao deleite dos convidados.
A iniciativa é uma parceria da Fundação Cultural de Curitiba, administradora do espaço, com o promotor cultural Ilson Estefani. Conhecido como Gaúcho Trovador, ele concebeu o show e apresentou o projeto à fundação no início dos anos 80. Ninguém paga nada. “No começo era só música sertaneja e gauchesca mas, com o tempo, outros gêneros musicais foram chegando. A mistura é boa, agrada todas as faixas de idade”, diz Estefani
As apresentações começam sempre às 14h e terminam, no máximo, às 18h. Cada artista pode se apresentar sozinho ou em dupla, com música ao vivo ou gravada (playback), e interpretar até duas canções. “É para dar tempo pra todo mundo”, explica a coordenadora do espaço, Sueli Gomes, referindo-se aos cerca de 20 intérpretes amadores que se inscrevem na lista de atrações para cantar músicas de duplas sertanejas famosas, de Roberto Carlos, de Odair José e do irreverente cantor cearense Falcão.
Durante as quatro horas de cantoria, o público vai se revezando na plateia. Com isso, muitas vezes, chega a dobrar o número de espectadores.
Os artistas
O público de mais idade, que conheceu o Canja de Viola em seus primeiros anos, predomina no palco e na plateia do TUC. É o caso de Maria Terezinha Benedito, de 82 anos, que canta e toca pandeiro acompanhada de amigos feitos nos bastidores do show. “Faz mais de 20 anos que venho aqui. Só não apareço quando surge um problema”, diz Terezinha, ao lado do marido, João de Souza, 88 anos, que aplaude o talento da mulher e dos outros artistas.
O casal Maria Aparecida Ventura, de 70 anos, e João Aparecido Caúba, de 62, aprecia o repertório do espetáculo e vem de longe só para assistir. “A gente almoça e vem. É um divertimento bom e é de graça”, conta Aparecida, que mora no Pinheirinho e, no último domingo (13/10), levou junto o cunhado Marcelo José Teodoro de Lima e a namorada dele, Lazinha do Prado.
Show antigo, público se renovando
A estudante de Ciências Biológicas Juliana Rosa ficou sabendo do Canja de Viola por acaso, a caminho da feira dominical do Largo da Ordem. Foi quando ela aceitou o convite do namorado, o estudante de Filosofia e bacharel em Artes Cênicas Allan Schroth, para conhecer o local onde ele já havia se apresentado na época em que estudava para ser ator e que fica na galeria que passa sob a Travessa Nestor de Castro.
Surpreso com o estilo musical do show, o casal pensa em trazer o avô da moça, Toni, para assistir. “É incrível: meu vô faz churrasco ouvindo alto esse tipo de música e faz todo mundo ouvir junto. Com certeza ele vai gostar de vir aqui”, diz Juliana.
Segundo Estefani, em 34 anos de shows o palco do TUC recebeu mais de 50 mil apresentações de solos e duplas. Entre eles, lembra, estiveram também cantores que se firmaram na carreira – como Nascimento e Zeloni e Waldecyr e Waldiney. Outras 100 mil vieram para aplaudir.
O TUC fica na galeria Júlio Moreira, sob a Travessa Nestor de Castro, entre a Catedral Basílica e o Largo da Ordem. A entrada é gratuita.