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Música brasileira ganha nova casa em Pinheiros

A Casa Natura Musical fez uma abertura para convidados na noite de terça, 9. Havia expectativa desde os primeiros anúncios de que São Paulo teria um local, em Pinheiros, com tratamento acústico bem cuidado, capacidade para 500 pessoas sentadas, mil em pé e voltada para a música brasileira. Os sócios que respondem pelo espaço são a cantora Vanessa da Matta e os empresários do ramo, Edgard Radesca e Paulo Rosa. A empresa de cosméticos Natura é a patrocinadora. A abertura para o público será hoje, 11, com um show de Lenine. Baby do Brasil se apresenta sexta, 12, e Mart’nália sábado, 13.

O espaço, mesmo ainda não finalizado em seus detalhes, dá sinais de que pode se concretizar mesmo como um dos tecnicamente melhores e mais charmosos da cidade. Falhas de som ou cenário não podem ser computados como defeitos, mas ajustes normais de uma estreia. A cozinha promete, o atendimento é treinado e atencioso e existe ali um aconchego proporcionado pela madeira nos detalhes, o verde na decoração e até a imensa cortina vermelha e quente do palco. O distanciamento generoso entre mesas e cadeiras é também um respeito em extinção.

O som quase entrou em microfonia durante a participação de Maria Bethânia, mas foi logo contido. As atrações da primeira noite, Johnny Hooker, Filipe Catto, Xênia França, Mestrinho, Vanessa da Mata e Bethânia como convidada, foram acompanhadas por um grupo grande dirigido pelo violonista Swami Jr, de bateria, violões, guitarra, teclado, percussão. Chegou bem para o público, alternando pressão e sutileza, mas o teste mesmo será quando passarem por ali uma voz e um violão.

Os shows foram curtos, mas podem sugerir uma reflexão aos programadores. A casa já falou que não se tornará um bunker dos artistas patrocinados pela empresa que a patrocina. Mas, o que se viu na abertura, com exceção de Mestrinho, foi um desfile de nomes que já lançaram ou estão lançando discos pela companhia.

Catto, Xênia e Hooker abriram a noite. Havia esforço, mas a energia que batia na plateia voltava para o palco na mesma intensidade baixa. Catto, Xênia e Hooker poderiam virar a chave da sustentação de suas carreiras, com potencial para ir além do hype e da linguagem visual. Para confirmar a condição de presente para São Paulo, a casa deve cumprir a função de palco democrático. A banda que acompanhava Catto, Xênia e Hooker – com Cuca Teixeira na bateria, Marcelo Mariano no baixo e Tiago Costa no teclado – é uma pequena mostra de que não falta talento para ocupar a frente e o fundo daquele palco.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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