Antecâmara da Máscara: fotografia de Odires Mlászho. |
O Museu de Arte da Universidade Federal do Paraná inicia hoje sua programação de exposições com a mostra O Discurso do Choque, que integra o programa Rumos Itaú Cultural Artes Visuais. Localizado no 1.º andar do prédio da UFPR na Praça Santos Andrade, o MusA é o mais recente espaço cultural ligado à Coordenadoria de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura.
Segundo o coordenador de cultura da UFPR, Paulo Chiesa, a escolha d’O Discurso do Choque objetiva trazer uma produção que transmite atualidade e inovação, e mostrar que o museu está aberto e receptivo a propostas instigantes. “Uma exposição que apresenta ao público local o que se faz, pensa e experimenta de novo no panorama artístico nacional”, explica.
A programação que envolve a exposição inclui seleção e capacitação de estudantes para atuar como monitores da mostra. Esse trabalho é feito em parceria com os departamentos de Arte e Educação da UFPR e visa oferecer visitas monitoradas a escolas e instituições públicas e privadas durante o período da exposição. “Um dos nossos propósitos é desenvolver atividades com o público infantil e adolescente em situação de risco social e pessoal, gente que pode descobrir que os museus estão abertos a eles e podem aproximá-los da arte”, esclarece Chiesa.
Durante o ano de 2003, o MusA irá trabalhar com o acervo e vários outros de palestras, inventário de acervo da universidade e monitoramento.
A exposição de abertura do renovado museu traz cinco dos 69 artistas selecionados pelo programa Itaú Cultural: Odires Mlászho, paranaense de Mandirituba residente em São Paulo, Ana Laet (RJ), André Santangelo (DF), Bruno de Carvalho (RJ) e Caetano Dias (BA).
A curadoria de Juliana Monachesi concebeu uma exposição que busca o questionamento sobre o ser humano por meio do impacto de imagens que provocam reflexões acerca de estranheza, morbidez, repulsa e morte, daí o nome O Dicusrso do Choque. como o programa seleciona trabalhos nos mais diferentes suportes – fotografia, escultura, objeto, pintura, gravura, desenho, instalação, videoinstalação, site specific, intervenção, novas tecnologias e performance -, a mostra apresenta obras de cinco artistas que se valem das técnicas mais variadas para causar o estranhamento e o desconforto no público, ou como define Juliana Monachesi, “o discurso do choque refere-se à abordagem, pela produção artística, dos traumas e pulsões mais universais do ser humano. São trabalhos que pegam o espectador pelo estômago, como, aliás, toda boa obra de arte costuma fazer”.
O baiano Caetano Dias participa com uma série de trabalhos desenvolvidos a partir de imagens de sites pornográficos da internet, nas quais intervém em imagens. Odires Mláscho transforma retratos de uma revista dos anos 70 em máscaras mortuárias de uma beleza sinistra, com expressões vazias e olhos vazados.
Também usam o mesmo ideário Ana Laet e Bruno de Carvalho, com sua arte abjeta, expressão que se refere “aos limites do corpo, à distinção espacial entre dentro e fora e à passagem temporal do corpo materno à lei paternal”, como define a curadora. Ana Laet exibe ao público Você é o que Você Come, em que invólucros de carne humana dispostos em um display são oferecidos para alimentar pessoas. Bruno de Carvalho coloca o público diante de uma endoscopia, ao passar por um túnel de tecido preto, com a obra Vis-ita.
André Santangelo causa desconforto e estranhamento com sua instalação em que peixes ficam à espera da morte enquanto a água dos aquários vai sendo retirada gota a gota. No entanto, quando a água começa a findar, é reposta, e os peixes permanecem vivos.
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Abertura às 19h de hoje e fica em cartaz até 22 de fevereiro, de segunda a sexta, das 9h às 18h e, aos sábados, das 9 às 13h, com entrada franca. O MusA fica no prédio histórico da UFPR na Praça Santos Andrade e a entrada é franca.