Foi um parto. Depois de quase nove meses de idas e vindas, desmontagem de acervo, mudança, acomodações equivocadas – como a pesada biblioteca no segundo andar -, discussões, reparos, novas acomodações, amanhã o Museu Paranaense – o terceiro mais antigo do País, criado em 1876 – finalmente vai abrir as portas para a visitação pública.

As trezentas mil peças do acervo – a maioria pertencente ao setor de arqueologia -estão instaladas na nova sede de cerca de 4.600 metros quadrados, o Palácio São Francisco, na Rua Kellers. Além das exposições fixas, o museu irá abrigar mostras temporárias, como a Fandango e Manifestações Litorâneas, que ficam na casa até o dia 20 de julho.

O prédio construído no Alto do São Francisco foi erguido entre os anos de 1928 e 1929 para servir de residência para a família Garmatter. Em 1938 o interventor do Paraná, Manoel Ribas, adquiriu a propriedade, que se tornou sede do governo por vários anos. O local também abrigou o Tribunal Regional Eleitoral e Museu de Arte do Paraná, e em 2002 começou a ser restaurado para abrigar a sétima sede do Museu Paranaense.

De acordo com a secretária de Cultura, Vera Mussi, o antigo museu, que ficava na praça Generoso Marques, não tinha condições de abrigar todo o acervo. Apesar de ter recebido o local já em recuperação pelo governo anterior, a secretária disse que a idéia de ampliação do local – com a construção de um anexo para o setor de arqueologia – foi muito interessante e vai possibilitar um melhor aproveitamento do espaço.

Danos

Mas não foi uma mudança exatamente tranqüila. Várias peças foram danificadas ou se perderam no transporte entre a Praça Generoso Marques e a nova sede. A diretora Eliana Moro Réboli não soube precisar o número de peças extraviadas, mas acrescentou que está sendo formado um conselho que irá ajudar na administração do local, e com isso será possível ter um maior controle do acervo. Ela ressaltou ainda que será feita uma campanha junto à comunidade para doações de peças para ampliar o setor histórico.

O novo Museu Paranaense possui doze espaços que abrigam laboratórios, biblioteca, auditório e as salas de exposição. Entre as mostras do acervo estão as salas Palácio São Francisco, que reúnem objetos e móveis dos governos entre 1938 e 1953, sala Índios do Brasil e a sala Vladimir Kozák, em homenagem a um dos maiores pesquisadores do Paraná, por exemplo. O destaque é o pavilhão da História do Paraná, no anexo em forma de “meia pirâmide”, que faz uma linha do tempo da pré-história até o século XX.

Projetos

Para atrair a comunidade, a direção do museu está programando diversas atividades para públicos distintos. Um desses projetos será o Encontro às Seis em Ponto, que sempre na última quinta-feira do mês vai convidar um artista plástico, escritor, cineasta ou artesão para um bate-papo com a comunidade. Outra idéia é a formação do Clubinho do Museu, que quer atrair a participação das crianças, assim como, o Conte Comigo, que irá contratar idosos para trabalharem no local.

Sobre o risco de ser ofuscado pelo Museu Oscar Niemeyer, que também deve reabrir em breve, Eliana já afirmara ao Almanaque que não haveria “concorrência” entre os dois museus, mas um “trabalho integrado”. “Os dois vão entrar no circuito. O MON é um museu de porte, que vai abrigar grandes exposições internacionais, como esta que vem da China. E o Museu Paranaense vai se encarregar de divulgar à comunidade e ao turista a nossa história”.

***

O Museu Paranaense estará aberto ao público de terça a sexta-feira, das 9h30 às 17h30, e aos sábados e domingos das 11h às 15h, na rua Kellers, 289, Alto do São Francisco. Telefones (41) 322-2016 e 322-3865.

continua após a publicidade

continua após a publicidade