O Museu Paranaense é o terceiro mais antigo do Brasil. Criado em 25 de setembro de 1876, veio depois do Museu Nacional da Boa Vista, no Rio de Janeiro (antigo Museu Imperial) e do Museu Emílio Goeldi em Belém, no Pará. Com este passado, seria de esperar que também fosse uma referência da capital paranaense. Mas não é. Na realidade, o Museu Paranaense está quase escondido na Rua Kellers, 289, no bairro São Francisco, em pleno Centro. E mais: num belo prédio histórico, que por muitos anos (1938 a 1954) sediou o governo estadual.
Então qual o problema? Falta de visibilidade é um deles. Existe apenas uma placa na cidade indicando onde fica o Museu Paranaense. E qualquer sujeito que entra num táxi e pede para ir ao local, é conduzido ao antigo Paço Municipal, sede do museu de 1974 a 2002. A instituição tem uma identificação tão forte com a antiga sede que ainda este ano o Bar do Alemão distribuiu canecas de chope a seus frequentadores em que a estampa do museu era o antigo paço.
Agora o museu quer alardear o “novo” endereço e que se espera o último, depois de seis mudanças ao longo dos anos. A primeira mudança foi em 1900 quando deixou o Largo da Fonte (hoje Praça Zacarias), onde permaneceu por 25 anos e foi para Rua Dr. Muricy, ao lado do Teatro São Teodoro. Em 1913, o museu deixou este local indo para o imóvel do antigo Teatro Rivoli, na Rua São Francisco.
Em 1930 ele se mudou juntamente com a Biblioteca Pública do Paraná para o Palacete Macedo, no Batel. Em 1965, foi transferido para a quinta sede, um imóvel particular na Rua Treze de Maio. Em 1974, 100 anos depois de ter sido criado, ele se instalou na sua sexta sede, na Praça Generoso Marques, onde permaneceu até 2002, no prédio construído no início do século para abrigar o Paço Municipal. E, finalmente, para o atual, ocupando as instalações que eram compartilhadas pelo Tribunal Regional Eleitoral e o Museu do Paraná, cujo acervo foi absorvido em quase sua totalidade pelo Museu Oscar Niemeyer.
Guardião do passado
Se para o curitibano médio é um problema achar o atual endereço do museu, imagine para os turistas. Muitos o procuram e alguns acabam encontrando, principalmente aos domingos, quando a feirinha do Largo da Ordem leva uma multidão para as suas proximidades. E, claro, eles estranham o fato de o museu não estar em roteiros turísticos como os percorridos pelas jardineiras nos principais pontos da capital paranaense.
E não é por falta de objetos para ver no museu. O edifício é histórico e tombado pelo patrimônio histórico, um belo casarão que proporciona uma viagem ao passado da cidade, como poucos. Em seu interior, embora uma restauração fosse bem vinda e a modernização da apresentação do acervo fosse ainda mais, encontra-se um material de relevância sobre o passado paranaense. Que não é mais visto por causa de seus problemas.
Se os museus brasileiros enfrentam problemas, o Paranaense tem alguns adicionais. O professor Renato Augusto Carneiro Junior, diretor da instituição, tem consciência deles. E projeta atacá-los em duas frentes: a primeira fazendo projetos em busca de recursos federais para modernizar e proporcionar mais atividades e a segunda em busca de maior visibilidade junto ao público curitibano, com inserções na TV Educativa e outras mídias, além de espalhar placas e referências sobre a instituição na cidade.
É preciso também andar rápido para adequar a instituição com as propostas recentes de museologia. Muitas coisas aconteceram nos últimos dez anos, como os recursos oferecidos pela internet e pouca coisa foi feita. Colocar o acervo na internet ao mesmo tempo em que permite popularizar o museu, o coloca a par de práticas usuais por instituições do gênero em todo o mundo.
Carneiro Junior diz que o museu tem muito a oferecer ao visitante cibernético, porque ,no passado mantinha pesquisadores que coletaram materiais sobre populações indígenas no interior do Paraná e em outros estados. “Há coisas que somente nós temos”, diz ele. Além disso, é necessário apressar o processo de digitalização do acervo, modernizar os métodos.
Mas, como nas demais instituições congêneres, propostas ousadas esbarram na falta de recursos. E de decisões tomadas nas esferas superiores, como a contratação de pessoal. Por falta de pessoal qualificado, o museu corre o risco de ver suas atividades entrarem em colapso. Este é o desafio da instituição, driblar as dificuldades, atrair o público e se modernizar.
Não é pouco para fazer ao mesmo tempo. Enfim, mas tudo passa pela conscientização do público de que o espaço é necessário. “O museu não é do Estado. Ele não é do município. Ele é de todos”, diz Carneiro Junior. Esta conscientização pode começar pelas placas. É preciso mais placas na cidade indicando onde o museu fica. Parece simples, mas as pessoas precisam saber onde ele fica para depois conhecê-lo.
Confira mais fotos na galeria de imagens.