Reconhecido em mostras de arte, festivais de fotografias, bienais, em eventos nacionais e internacionais, Orlando Azevedo (1949 ?Açores, Portugal) exibe nesta exposição parte do acervo documental que produziu durante sua expedição pelo interior do Estado. São 200 imagens que retratam os principais flagrantes da Expedição Coração do Paraná. A maior parte das fotos, um grande conjunto de 1mx1m e outro em tamanho de 30×40, são em preto e branco, apenas 20 delas são coloridas. O Museu Oscar Niemeyer abre a mostra para jornalistas e convidados, no próximo dia 03, às 19 horas. A visitação pública poderá ser feita entre 04 de agosto e 29 de outubro, das 10h às 18h.
Em busca do ?antigo sonho de dar voz ao interior através da fotografia, ao mergulhar em sua identidade, personagens anônimos, paisagens, crenças e ritos?, Azevedo percorreu mais de 17 mil quilômetros, passando por mais de 100 municípios paranaenses entre o final do ano passado e o início deste ano.
?É no interior que ainda encontramos a verdadeira identidade de nosso Estado. Sua marca e sua cara. Embora as mudanças sejam de invulgar e implacável rapidez em sua ação, há um Paraná que resiste e mantém sua paisagem e suas origens como verdadeiros oráculos perdidos no tempo.? Durante a viagem, ele disse ter encontrado lugares onde ainda é possível apreciar paisagens do século passado, onde o tempo ?parece cristalizado, felizmente?.
Entre negativos, cromos e filmes 6×6, o fotógrafo realizou mais de sete mil fotos. Nenhuma imagem da exposição foi realizada com equipamento digital. Toda a documentação fotográfica foi produzida com câmeras analógicas e as cópias processadas em papel de fibra Ilford Mate selenizado, conforme as normas e exigências museológicas internacionais. ?Na realidade, a máquina e o filme estão para o fotógrafo da mesma forma que estão a paleta, o pincel e a tela para o pintor. Ainda não abro mão de apresentar a imagem sem nenhum tratamento. A imagem apresentada é aquela que eu vi pelos meus olhos.?
Uma expedição é preparada com muitos meses de antecedência. Segundo Azevedo, todo o roteiro, desde o percurso até o tipo de equipamento a ser utilizado, é feito a partir de pesquisas históricas e biográficas. A Expedição Coração do Paraná é derivada do projeto Coração do Brasil, realizada entre 1999 e 2002 e apresentada nos principais museus do País. Nesse projeto, o fotógrafo percorreu mais de 70 mil quilômetros em todo o Brasil para revelar, sob a sua ótica, o Homem, a Terra e o Mito.
"Considerava esse percurso inacabado diante de tantas artérias, novos caminhos e temas a serem abordados. Senti a necessidade de ir ao interior do meu estado, onde vivo há mais de 40 anos, para fazer uma releitura do nosso patrimônio natural e humano. Acredito que é no interior que encontramos nossas verdadeiras raízes.?
A mostra
Assinando a curadoria da própria mostra, Azevedo preparou uma ambientação especial para conduzir o público pela exposição. Um labirinto que, ao início, faz com que o visitante se depare com um auto-retrato, com a imagem do fotógrafo projetada. ?Eu fotografo o outro para me revelar e me descobrir e, ao fotografar o outro, fotografo a mim mesmo.?
Já na entrada, o espectador será surpreendido ao penetrar em um túnel Olho no Olho para se ver refletido em um espelho que o conduz a uma sala escura, onde será fotografado. A foto 3×4 será processada automaticamente e deverá ser afixada pelo próprio visitante em um grande painel com o mapa do Paraná, que ao final se constituirá no Memorial da Identidade.
A partir desse ponto, estão as obras produzidas durante a expedição e apresentadas em quatro salas temporariamente construídas no interior de uma das salas expositivas do Museu. Ao primeiro ambiente, Azevedo deu o nome de Saga. ?Saga porque apresenta o relato, a voz e o grito desses personagens anônimos, que para mim são os verdadeiros heróis da resistência e da sobrevivência.? De acordo com ele, o conjunto de 40 grandes quadros suspensos, de 1mx1m, pretende estabelecer a leveza em relação ao conjunto da mostra.
Casulo tecido da fé é o ambiente que apresenta a relação entre o interior, a casa e o trabalho. Aprofundando a visão, o fotógrafo reservou para o núcleo denominado de Celebração a festa, a ritualidade, o fandango, a celebração da mata, da vida e dos mistérios. Retrato Abstrato é título do quarto ambiente, onde o observador irá poder observar a interpretação subjetiva da viagem pelo próprio autor.
Permeando toda a exposição, Azevedo expõe o que ele chama de ?relicários da viagem?. São objetos, retratos e cenas que ambientam e compõem algumas situações que lhe chamaram a atenção. Entre essas atrações está a personagem de um de seus retratos, uma jovem de Cruz Machado, um dos grandes redutos da colônia polonesa no Paraná, que virá para a abertura da exposição cantar músicas do folclore polonês. Também o quadro singelo pintado por um menino, de 11 anos, de Superagüi; e alguns livros de anotações das antigas fazendas de café, entre outros.
?Acredito que nunca o patrimônio humano e natural do Paraná foi tão exposto aos próprios paranaenses. Passando por cachoeiras gigantes, cânions, fazendas e cavernas, encontrei autênticos personagens para ampliar meu acervo documental sobre a memória e história preservadas no interior do Estado.?
Serviço:
Expedição Coração do Paraná
Abertura Convidados: 03/08, às 19h
Abertura Público: 04/07
Período de Exibição: até 29/10
Onde: Museu Oscar Niemeyer
Endereço: Rua Marechal Hermes, 999
Centro Cívico ? CEP: 80530-230
Telefone: (41) 3350-4400
Solicitação de Agendamento entre em nosso site www.museuoscarniemeyer.org.br