A sacerdotisa Sha-amun-em-su foi mumificada há 2.700 anos e seu sarcófago nunca foi aberto. Mesmo assim, em breve, será possível aos visitantes do Museu Nacional, no Rio, observar o interior do esquife, ver a múmia e até mesmo parte dos ossos – e o sarcófago permanecerá intocado. Pesquisadores do museu, que pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), também no Rio, desenvolveram uma técnica que permite criar uma réplica em tamanho natural com base em um scanner tridimensional a laser e portátil.
O projeto, que tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), prevê que todas as peças da coleção de paleontologia e egiptologia do Museu Nacional – que possui o maior acervo do gênero na América Latina – sejam digitalizadas em três dimensões e fiquem expostas em um museu virtual. A técnica, desenvolvida no Laboratório de Modelos Tridimensionais do INT, capta as imagens da superfície das peças do acervo – múmias, mobílias, fósseis, dinossauros – com o auxílio de scanners. Tomografias de última geração permitem observar o interior dos objetos.
Essas imagens são tratadas no computador e impressas em uma espécie de impressora tridimensional. Ao fim do processo, o que se tem é a réplica em resina, no tamanho que interessar ao pesquisador. “Teremos um levantamento tridimensional de toda a coleção. Isso permitirá o intercâmbio com instituições de pesquisa de outros Estados ou outros países”, explica o desenhista industrial do INT Jorge Lopes, que coordena o trabalho de captura das imagens. “Esse é um trabalho pioneiro no mundo”, completa o especialista do INT. Apesar de todas as peças da coleção serem digitalizadas em três dimensões (3D), nem todas ganharão réplicas em resina.