Museu da Imagem e do Som recupera história do Paraná

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Maria Amélia: trabalho
"de formiga" dá resultados.

Quando assumiu a direção do Museu da Imagem e do Som do Paraná, há dois anos, Maria Amélia Junginger tinha duas possibilidades: continuar com as exposições normais ou dar atenção ao acervo do museu. Na primeira vez que botou os olhos sobre esse material e viu a maneira como estava armazenado, a diretora achou que estava todo perdido.

O acervo estava esquecido em caixas de papelão e exposto ao calor e à umidade, inimigos mortais dos negativos, filmes e discos raros que abrigava. "Isso sem falar do risco dos materiais altamente voláteis, como o nitrato de prata e o acetato, utilizados nos filmes antigos, que podiam incendiar o prédio", conta a diretora.

Mas para sua surpresa, o acervo estava em bom estado, apesar de correr riscos. "Foi pura sorte esse material não ter sucumbido". A saída para recuperar o acervo foi apostar numa nova imagem para a instituição, iniciando um processo de musealização. "Começamos a descobrir o que é o material do acervo, de quem ele é e de onde veio, a fim de, no futuro, podermos apontar onde ele está de maneira eficiente", explica a diretora. Quando Maria Amélia assumiu, não existia sequer uma relação do acervo do museu.

Como não havia espaço físico e nem instalações adequadas, a solução foi tirar tudo do antigo prédio. Então, aos 35 anos de existência, o MIS mudou, em 2004, da antiga sede na Rua Barão do Rio Branco, no centro de Curitiba, para o Centro Administrativo Santa Cândida. "O museu não se extinguiu", deixa claro Maria Amélia. "Ele vai retornar à antiga sede".

Nas novas instalações, quatro funcionários e três estagiários trabalham catalogando e restaurando um acervo que guarda um universo audiovisual que ocupa um prédio inteiro. "É um trabalho de formiga, mas que está rendendo resultados ótimos", afirma a diretora.

"Achados"

Entre esses resultados estão "achados" de imagens e sons com mais de 50 anos, contando a história do Paraná e do mundo a partir dos anos 40. Atualmente, Maria Amélia trabalha catalogando uma coleção de noticiários da rede americana CBS. São rolos de filme de 16 mm, todos em ótimo estado de conservação, noticiando fatos diários entre 1969 e 1974. "Temos registrado aqui desde a chegada do homem à Lua até o fim da Guerra do Vietnã", conta.

O MIS possui reportagens de telejornais do Canal 4, veiculadas entre 1974 e 1980, e da TV Tibagi, somente com notícias do interior do Estado. "Contamos ainda com o acervo do Show do Jornal, primeiro telejornal dinâmico do Paraná, que foi iniciado em plena ditadura", relata Maria Amélia.

Um dos orgulhos da diretora é a coleção de fotos do Palácio Iguaçu, com mais de 500 mil negativos, registrados entre 1943 e 2000. A coleção documenta todos os atos oficiais dos governadores do Estado nesse período. "Essas imagens contêm a história política do Paraná que, quando devidamente catalogadas, estarão à disposição da comunidade", ressalta.

Entre outros de seus tesouros, o MIS possui o arquivo do jornalista Aramis Millarchi, com aproximadamente 500 mil documentos, todos sobre cultura paranaense. O museu abriga ainda uma coleção de objetos, como aparelhos de televisão e de som (gramofones, radiolas), fabricados a partir da década de 40, e câmeras fotográficas e projetores de cinema.

Os funcionários também estão catalogando uma grande coleção que contém mais de 32 mil discos, nos mais variados formatos. O objetivo é que todo esse material seja digitalizado para facilitar as pesquisas.

Serviço: O MIS fica na Rua Máximo João Kopp, 274, bloco 4 do Centro Administrativo Santa Cândida. Aberto das 9h às 17h. Contatos pelo telefone (41) 351-6682 ou pelo e-mail mis@pr.gov.br.

Prédio será ampliado

A sede do MIS, na Rua Barão do Rio Branco, começará a ser restaurada esse ano, passando por uma ampliação e modernização para receber novamente o acervo. "Visitamos diversas instalações de museus no País para fazermos isso corretamente", diz a diretora do museu. Ela conta que foi criada também a Sociedade de Amigos do MIS, para facilitar o recebimento de verbas de empresas e de estatais, como a Petrobras.

Maria Amélia acredita que é um bom negócio apoiar iniciativas como a do MIS, pois o retorno social é enorme. "É difícil mensurar o tempo necessário para por todo o acervo em ordem. Pode parecer um trabalho dantesco, mas se tivermos o investimento certo, ele se torna rápido e o retorno, estupendo, tanto para a sociedade como para quem investiu", acredita. Quem estiver interessado, pode acessar o acervo do museu para fins de pesquisa. (DD)

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