Em entrevista recente ao jornal O Estado de S.Paulo, o maestro e professor Olivier Toni relembrou um episódio do final dos anos 1960. Após o concerto de uma orquestra jovem, no Teatro Municipal, encontrou-se com o então prefeito Faria Lima. Ouviu elogios pela apresentação e sentiu que era hora de agir. “O senhor sabia que esses músicos não têm um espaço em que possam estudar e se aperfeiçoar?”, perguntou. E a resposta veio dias depois, com uma determinação: em quinze dias, Toni precisaria montar um projeto pedagógico a ser encampado pela prefeitura. Foi o que ele fez – e, assim, em 1969, nascia a Escola Municipal de Música de São Paulo, que comemora neste sábado, 8, seus 45 anos com um concerto especial no palco do Teatro Municipal.

continua após a publicidade

Na ocasião, os três conjuntos instrumentais da escola – o grupo de percussão, a Orquestra Infantojuvenil e a Sinfônica Jovem Municipal – vão se apresentar em parceria com alunos da Escola de Dança de São Paulo. As duas instituições, desde o começo de 2013, passaram a integrar a Fundação Teatro Municipal. E a presença conjunta sobre o palco na data comemorativa não se dá por acaso: é fruto da tentativa de estabelecimento de uma política pedagógica pautada pela integração.

“Durante muito tempo, cada uma das escolas seguia seu caminho, sem comunicação”, diz Antonio Ribeiro, diretor da Escola Municipal de Música, onde entrou, como aluno, em 1988, e da qual se tornou mais tarde professor. “É nosso objetivo fazer que elas conversem, e não apenas sobre o palco. Alunos nossos de piano, por exemplo, têm feito estágios acompanhado aulas dos bailarinos”, complementa. “Para os músicos, é uma experiência rica e, para os bailarinos, também. Quantas escolas de dança podem ter o privilégio de se apresentar com uma orquestra no fosso?”, diz Leonardo Martinelli, diretor de formação da fundação.

Mas a integração se dá também dentro da própria escola de música. “Este ano, pela primeira vez, as três orquestras de caráter pedagógico, as duas da escola mais a Experimental de Repertório, se apresentaram juntas. E isso é justamente resultado da busca de um diálogo entre eles”, explica Martinelli. “A nossa preocupação é com a integração. O músico que começa a trajetória na orquestra infantojuvenil vai, com o tempo, se juntar à sinfônica jovem. E, mais para frente, seguir em direção à Experimental de Repertório”, acrescenta Ribeiro. E Martinelli acrescenta: “Com o tempo, o ponto de chegada dessa corrente será a Sinfônica Municipal, orquestra profissional do teatro. Um dos nossos lemas, afinal, é a integração artístico-pedagógica.”

continua após a publicidade

E isso significa, também, propor um diálogo maior da escola com a temporada do Municipal. “Este ano, tanto o coral adulto quanto o infantil já participaram de uma ópera da programação”, exemplifica Martinelli. “E, no momento em que o Municipal assumiu primordialmente sua vocação lírica, criamos uma oficina de ópera que, esperamos, vai se desenvolver para um estúdio dedicado ao gênero. E tem sido muito rica a participação de cantores e diretores envolvidos com as montagens em master classes e oficinas que começamos a realizar”, diz Ribeiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.