Para o tenor Thiago Arancam, a melhor maneira de definir Don José é dizer que ele é um cara normal, “como eu e você”; já sobre Carmen, a meio-soprano Rinat Shaham afirma que é uma mulher “extremamente complexa, que carrega dentro de si todo um mundo de emoções e sentimentos”. Essa talvez não seja a receita de sucesso para uma relação – e com certeza não é na ópera Carmen, de Bizet, que ganha uma nova montagem a partir desta quinta-feira, 29, no Teatro Municipal.
Na obra, inspirada no livro de Prosper Merimé, o pacato soldado José se apaixona por Carmen – e o desejo o fará abrir mão de tudo aquilo que lhe parecia mais importante, o que se torna um problema na hora que a cigana perde o interesse nele e se encanta pelo toureiro Escamillo.
Rinat discorda do colega. No Salão Nobre do Municipal, após uma sessão de fotos na semana passada, ela diz que José não tem nada de normal. “A não ser que aceitemos que matar uma mulher que não quer mais nada com você seja algo corriqueiro”, afirma. “Carmen irradia paixão, desejo e, se no meio da multidão, resolve se aproximar de Don José é porque vê algo de diferente nele. É bem possível que, de certa forma, ela já enxergue nele a possibilidade da tragédia.”
Carmen tem alguns dos momentos mais conhecidos do repertório operístico – mas, na versão que será mostrada em São Paulo, traz também uma série de diálogos entre os números musicais, normalmente cortados ou editados em montagens pelo mundo. E, para Rihat, “isso leva a novas possibilidades na criação das personagens”.
A direção cênica é de Filippo Tonon, que ambienta a história em um universo industrial, e a regência estará a cargo de Ramón Tebar, à frente da Orquestra Sinfônica e do Coral Lírico Municipal. Rinat divide o papel de Carmen com a meio-soprano Luisa Francesconi e Arancam, com o tenor Fernando Portari, Também estão no elenco as sopranos Lana Kos e Andrea Aguilar e os barítonos Rodrigo Esteves, Davi Marcondes, Vinicius Atique, entre outros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.