A única característica que faz com que Danton Mello fique parecido com seu irmão, o também ator Selton Mello, é a maneira de falar. De resto, o protagonista de "Sinhá Moça", novela das seis da "Globo", fez seu percurso profissional sem nem olhar para os passos do irmão mais velho. Danton se sente à vontade em fazer personagens galãs na telinha e não se preocupa muito com trabalhos-cabeça, seja na TV, no cinema ou no teatro.
Rodolfo, de "Sinhá Moça", por exemplo, é o típico galã de novela de época. O personagem criado por Maria Dezonne Pacheco Fernandes e adaptado para a telinha por Benedito Ruy Barbosa, é filho de pais escravocratas que se apaixona por ideais abolicionistas e republicanos. Ao voltar para Araruna, sua terra natal, reencontrou Sinhá (Débora Falabella), a garota com quem cresceu. Sinhá também é abolicionista. Nas últimas décadas do século XIX, em que o movimento começa a tomar força, o casal dá de cara com o atraso colonial e junta forças para que a liberdade dos escravos ganhe o mundo. É juntar o idealismo e a paixão, ingredientes de todo folhetim que se preze. "Gosto muito desse tipo de papel, mas como ator é claro que eu quero fazer de tudo", diz ele. "Acho que tenho a personalidade parecida do Rodolfo. Ele é determinado, seguro e com ideais nobres. Acredito em cada palavra que falo na novela", completa.
Ator desde criança
Pode parecer discurso de ator-estrela, mas não é. Danton é simpático e humilde. Talvez por isso tenha conquistado tantos amigos na "Globo" e nunca amargou a falta de convites para trabalhar. "Vale tudo na nossa profissão. Por amor a gente faz qualquer coisa", diz. " ‘Sinhá Moça’ fala sobre liberdade. Liberdade para mim é fazer o que a gente gosta, viver bem e em harmonia", completa.
Danton Mello engana muitos com sua cara de jovem que acaba de começar a carreira na TV. Mas ele tem 30 anos, é pai de duas filhas – uma de cinco, Luiza, e uma de dois, a Laura. Ele está no ramo desde os nove anos de idade, quando estreou na novela de Ivani Ribeiro, "A Gata Comeu" (1985) . "Eu era um dos filhos do Nuno Leal Maia. Foi muito divertido ter feito aquela novela. Me lembro dela até hoje e das brincadeiras que eu fazia com as outras crianças, como a Juliana Martins e o Oberdan Junior", diz
Depois de ter feito "Novo Amor" (1986) na "TV Manchete", Danton voltou para a "Globo" na trama "Mandala" (1987), de Dias Gomes, emendando "Vale Tudo", de Gilberto Braga, onde interpretou o filho de Leila (Cássia Kiss), a assassina de Odete Roitman. Antes de virar adolescente cobiçado pelas fãs, ainda fez personagens infantis em "Tieta" (1989) e "Despedida de Solteiro" (1992). "Tem uma curiosidade em ‘Tieta’. Eu fazia o papel do irmão do Cássio Gabus. Comecei a novela menor do que ele e terminei mais alto. Foi no período da puberdade, período de crescimento", diz ele que, depois, virou oficialmente adolescente de "Malhação", onde ficou durante uma temporada inteira.
Em breve, Danton vai dar as caras também no cinema. Ele está no filme "Ouro Negro", que vai contar a história da descoberta do petróleo no Brasil. "Analisando minha carreira, sei que fiz mais TV do que os outros meios, mas não me preocupo com isso. Quando aparecem trabalhos bacanas no cinema e no teatro eu topo na hora Acabei de fazer a peça ‘Camila Baker’, no qual eu interpretava o filho Wolfgang. Tive que abandonar a turnê para fazer a novela mas curti o tempo necessário", conta ele, daquele jeito despreocupado que Danton Mello faz questão de ter.