Dia novo, programa antigo. Mais uma vítima da instabilidade crônica que assola desde sempre a grade de programação do SBT, o Programa Hebe ou Programa da Hebe, como preferem os fãs, saiu das noites de segunda-feira, dia em que era apresentado desde 1986, quando a apresentadora assinou contrato com a emissora, e está sendo exibido nas noites de sábado desde o início do ano. Da mesma forma que o horário foi mantido das 22h30 à meia-noite a fórmula do programa é igual à de antes. A única diferença prática, que pode impor ao programa alguma mudança de ritmo a médio prazo, é que agora ele passa a ser gravado, em vez de ao vivo. Ainda assim, como a apresentadora está de férias nesse mês de janeiro, qualquer eventual novidade só poderá ser percebida a partir de fevereiro.

continua após a publicidade

Como de hábito, a alteração na grade do SBT não tem nenhuma outra explicação além do humor de Sílvio Santos. A mesma estratégia da emissora que jogou o Programa Hebe para as noites de sábado e colocou uma sessão de filmes em seu lugar, deslocou o humorístico A Praça é Nossa das noites de sábado para as tardes de domingo.

Como resultado, em um primeiro momento, o programa da loura ganhou algum fôlego. Na estréia em novo dia, o programa, que às segundas mantinha média de audiência de 5 pontos, teve 8 pontos de média. No sábado seguinte, porém, já voltou a um patamar mais próximo de sua realidade, registrando 6 pontos de média, com 8 de pico e 11% de ?share? participação entre os aparelhos ligados, o que leva a crer que o fiel público da apresentadora a acompanhou. O mesmo, contudo, não se pode dizer do A Praça é Nossa, que tinha média de 12 pontos no Ibope e agora amarga entre 6 e 7 pontos em suas nem tão doces tardes de domingo, no ingrato horário das 15h.

No programa em si, nada mudou. Nesse momento em que a apresentadora está de férias e não há como fazer nenhuma alteração perceptível na fórmula do programa, o único recurso que poderia soar como novidade é a edição, já que os programas estão gravados. Mas isso não ocorre. Na tentativa de garantir a sensação de ?ao vivo?, apesar de Hebe inexplicavelmente repetir a todo momento que está de férias, o recurso do corte é mal-utilizado, e algumas vezes chega mesmo a ser até abrupto. O dispositivo, então, em vez de impor um ritmo mais ágil ao programa é, ao contrário, responsável por uma perda de dinâmica em alguns momentos.

continua após a publicidade

A fórmula de sempre, contudo, funciona. Especialmente pela própria figura de Hebe Camargo. Descontados os excessos de ?gracinha? e ?delícia? que a apresentadora repete sem hesitar, trata-se de uma grande ?entreteiner? e uma comunicadora que sabe exatamente como se dirigir a seu público. A loura também é uma anfitriã elegante e sempre deixa seus convidados à vontade no indefectível sofá que compõe o cenário. Mais do que isso, entra no clima desses convidados e interage com eles quase sempre no tom adequado. Para manter o clima leve, a apresentadora se vale de um humor até certo ponto ingênuo, que funciona com qualquer telespectador, em especial com seu público cativo formado basicamente por senhoras da terceira idade.

Com o bom astral que lhe é peculiar, Hebe consegue dar ao programa um clima de descontração e informalidade, impondo um caráter que por vezes soa improvisado no bom sentido, o que não é qualquer apresentador que consegue. Apesar disso e estranhamente, seu auditório nem sempre responde na mesma sintonia e muitas vezes reage de maneira morna, mesmo quando o clima do programa parece mais animado. Como não poderia deixar de ser, os exageros de gosto duvidoso, marca inconfundível do SBT, completam o quadro. Estão lá os excessos de luzes coloridas rodopiando pelo palco, o figurino ?over? da apresentadora, com anéis enormes e pulseiras chamativas, e o cenário com imensas fotos de Hebe e o sofá de sempre. Ao que tudo indica, em 2006, o Programa Hebe promete manter o formato conservador e bem-sucedido, que tanto agrada a seu público fiel.

continua após a publicidade