A cena se passa em uma pistinha de dança.
De um lado, aquela garota dançava. Mexia-se tanto, mas tanto, que até sua panturrilha brilhava de suor. Do outro lado, metros de distância, embasbacada, está a protagonista da nossa história.
Monica Agena conta uma história. Poderia ser dela. Poderia ser minha. Ou até mesmo sua. É a história de um encontro que não existiu. Assim nasceu “Fantasiando”, a faixa de riff viciante que se impôs para a dupla Moxine, formada por Monica e pela baixista Fabiana Lugli. A dupla reunia as canções para o que viria a ser o “Passion Pie”, o EP lançado no ano passado e responsável por colocar o Moxine novamente em movimento.
A guitarra que conduz “Fantasiando” era apresentada para os amigos e pessoas próximas. Todos curtiam. Restou à dupla “fantasiar” uma história para ser conduzida por ele. Mas é a fantasia a grande graça desse romance de “Fantasiando”. Pode até ser dolorido, um amor, uma paixão ou que seja uns amassos, nunca realizados.
A história vive nesse plano imaginário, daquilo que poderia ser e não foi. Nossa personagem, afinal, sequer se aproximou de quem estava interessada. Mas há uma beleza na fantasia, nas histórias que permanecem nesta realidade alternativa. Sem o mundo real, elas se tornam imaculadas, perfeitinhas.
O que a Moxine faz aqui é criar, a partir desse riff, a atmosfera de pista quente, de ritmo constante, de suor e de desejo. Apóiam-se na guitarra, mas a canção sai pop, uma delicinha de se ouvir no repeat. E embora a personagem busque reencontrar a garota para tirar a história da fantasia, Monica não acredita num final feliz. “Acho que nunca mais se viram”, diz ela, rindo. Fantasiar, contudo, não custa nada, certo?