Mostras reúnem anúncios de bonde e rótulos de cachaça

Ser designer gráfico está na moda – anda tão em alta que até na novela das 21h da Globo, “Insensato Coração”, tem um personagem se dando bem neste métier – no caso André, vivido por Lázaro Ramos. É bem possível que, nos próximos anos, a procura por cursos de graduação nesta área continue crescendo. Mas esta só será a profissão do futuro para quem souber reconhecer suas raízes mais primitivas e profundas. Uma boa oportunidade para treinar esse olhar é visitar as novas exposições “Veja Ilustre Passageiro: O Atelier Mirga e os Cartazes de Bonde” e “Caprichosamente Engarrafada: Rótulos de Cachaça”.

As duas mostras gratuitas, que estão em cartaz a partir de hoje no Instituto Tomie Ohtake, fazem parte do ciclo de exposições “Anônimos e Artistas” – que pretende desvendar a origem do design brasileiro. “As pessoas se surpreendem com aquilo que já era produzido em termos de design nas décadas de 40 e 50, por exemplo”, diz o diretor do Instituto, Ricardo Ohtake.

Em “Veja Ilustre Passageiro: O Atelier Mirga e os Cartazes de Bonde”, o visitante irá encontrar 300 obras do Atelier Mirga, produzidas entre 1928 e 1970. Era deste ateliê que saíam todas (todas!) as propagandas que eram colocados nos bondes e ônibus de São Paulo. Nesse acervo, é possível encontrar peças curiosas, como um anúncio em que palavra açúcar ainda se escrevia ‘assucar’ e um inseticida chamado Flit, que ‘mata de facto’ os insetos.

No mesmo espaço ocorre a exposição Caprichosamente Engarrafada: Rótulos de Cachaça. Aqui, o público vai poder apreciar cerca de 400 rótulos. “O curioso é que eles mostram as principais características deste tipo de design, que é algo bastante brasileiro, com uma linguagem específica”, fala Ricardo Ohtake.

Diferentemente dos anúncios de bonde, os rótulos de cachaça não sofreram influência europeia ou americana. “Tinham uma linguagem visual nacional. A maioria mostra figuras indígenas, bichos, cenas da natureza ou aquelas mulheres gostosonas”, explica o diretor do instituto. Do ponto de vista do marketing, vale notar o poder que esses rótulos tinham de despertar o interesse em consumidores de qualquer classe social (ricos e pobres, indistintamente). Muitos deles eram criados pelos próprios donos dos alambiques (de diversas partes do Brasil) – e apenas enviados para que as gráficas os reproduzissem. As informações são do Jornal da Tarde.

Exposições com anúncios de bondes e rótulos de cachaça. Abertura hoje, às 20h. De terça a domingo, das 11h às 20h. Até 10/4. Instituto Tomie Ohtake (Av. Faria Lima, 201). Tel. (011) 2245-1900. Grátis.

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