O Teatro da CAIXA apresenta a mostra “Atrás do Muro Havia Cinema”, de 20 a 25 de abril. O projeto retrata a vasta e pouco conhecida história do cinema na época da Guerra Fria, ligada à produtora estatal alemã Deustche Film AG – DEFA, responsável pela construção de grandes estúdios cinematográficos até hoje utilizados. Antes de cada sessão, a apresentação dos filmes será feita pelo alemão Ralf Schenk, historiador de cinema e membro do comitê de seleção internacional do Festival de Berlim.
O projeto apresenta 12 filmes produzidos entre os anos 1946 e 1990. As obras da produtora estatal alemã tratam da tensão do período pós-guerra e das ilusões perdidas da geração que vivenciou esses anos sombrios. Entre os filmes a serem exibidos encontra-se “Os assassinos estão entre nós”, primeiro filme alemão do pós-guerra com imagens nitidamente expressionistas, cujo projeto era se opor aos filmes de propaganda nazista feitos antes da derrota para os aliados. Também será projetado o último filme produzido pela DEFA, “Os arquitetos”, que trata da desilusão política de jovens ante as imposições do poder da época.
O Muro do silêncio
Tamanho o profissionalismo da DEFA, nos faz questionar porque as obras ficaram no limbo por tanto tempo. Por se tratar de produções de uma estatal, as obras eram suspeitas de serem desprovidas de autonomia em relação ao Estado, fato que as manteve ausentes do mercado internacional. A DEFA, no entanto, inspirou-se nas intenções democráticas e antifascistas para unir a produção cinematográfica do país dividido.
Em 1953 a produtora estatal se tornou a única companhia de cinema da RDA. A partir de 65, a intensificação da Guerra Fria e a crise econômica abriram espaço para que o partido único exercesse a censura de suas produções. Iniciou então a disputa entre burocratas e artistas, ou seja, entre diferentes concepções ideológicas e estéticas. As críticas acusavam semelhanças estéticas com o emergente cinema europeu da época, impregnado pelo típico individualismo ocidental, e por isso alguns filmes foram proibidos e só saíram das gavetas após a queda do regime.
Wolfgang Kolhaase, um dos principais roteiristas da DEFA, e um dos poucos que conseguiram um emprego estável no ocidente depois de 1990, relata que “dinheiro não era o principal objetivo e não tinha o mesmo significado que em Hollywoood. Fazíamos filmes como uma tentativa para definir uma sociedade em que a justiça e não o dinheiro fosse o valor principal. Houve problemas, como a censura. Mas qual o país que lhe dá dinheiro para fazer um filme e não impõe condições para a sua realização?”
Nos filmes da estatal encontramos imagens de uma juventude progressista antiimperialista, expressões de um tempo em que a igualdade era uma aspiração maior e, o coletivo, um dos protagonistas e não mero figurante silencioso e desprezado. Não falta emoção nessa janela aberta para um universo que se mantém até hoje praticamente desconhecido.
Serviço:
Cinema: Atrás do Muro Havia Cinema
Teatro da CAIXA
Endereço: Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro – Curitiba
Data: de 20 a 25 de abril
Horários: de terça a sexta 15h, 17h30 e 20h; sábado e domingo 13h, 15h, 17h30 e 20h
Ingressos: Entrada franca – Os ingressos serão distribuídos uma hora antes de cada sessão
Bilheteria: (41) 2118-5111 (de terça a sexta, das 12 às 19h, sábado e domingo, das 16 às 19h)
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