Para a artista Debora Muszkat, reciclagem é “forma de pensar e de vida”. O conceito de transformar materiais e objetos descartados já faz parte de sua história criativa desde 1984, muito antes da onda sobre sustentabilidade que vemos tanto em voga nos últimos tempos. “Há uns cinco anos, começaram a falar de reciclagem, mas em 2012 virou uma lei as empresas terem de dar conta do seu lixo”, afirma Debora, que abre na sexta-feira uma mostra a convite de O Boticário, na qual realizou obras com cerca de 2 mil frascos de perfumes reaproveitados.

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Já na entrada do Espaço Perfume Arte + História, em Perdizes, está a instalação “Portal”, um corredor feito com 14 tipos de frascos entrelaçados, convidando o visitante a passear por faixas de vidro transparentes e coloridos. Alguns estão em seu estado natural, colocados como são encontrados no mercado. Outros sofreram a intervenção da artista, que criou degradês de tonalidades ao pintá-los e colocá-los no forno. É uma composição que explora a leveza da ação de caminhar entre cores e reflexos de luz nos vidros. É, de certa forma, uma criação de raiz pictórica, criada em parceria com o pintor e gravador Gregório Gruber, que tem participação especial na mostra de Debora Muszkat.

Os dois artistas ainda fizeram outro trabalho juntos, o painel “Idílio”, em exibição no interior do Espaço Perfume Arte + História. Nessa obra, de 1,90 m X 1,40 m, um homem e uma mulher estão representados em uma espécie de mosaico suspenso, uma composição realizada com fragmentos de frascos e que recebe a incidência de luz artificial para promover reflexos da peça nas paredes. “O casal está envolvido pelos odores, por ondas de perfume”, descreve Debora. No início, a inspiração foi o famoso quadro “O Beijo”, do austríaco Gustav Klimt (1862-1918). É uma peça que fica entre a abstração e a figuração, ornamentada com os restos de vidro e que tem fios com o desenho (na representação dos rostos do homem e da mulher e de resquícios de seus corpos).

A mostra “Frascos de Arte, Perfume Eterno”, que fica em cartaz até 21 de abril, é também uma oportunidade de se ver criações mais antigas de Debora Muszkat. Como uma luminária que a artista criou em 1986, com estrutura de metal e lâminas de vidro transparente e translúcido. “Entre 1984 e 1989, fazia obras que ficavam entre o design e a arte”, conta Debora. Há ainda a aranha feita de frascos de vidro vermelho, “Henriqueta”; a escultura “A Noiva”, de 1995, que tem seu corpo feito com garrafas recortadas; e “Repouso”, peça de 1992/93 modelada a partir da técnica utilizada pelo designer francês René Lalique (1860-1945), célebre mestre vidreiro. A obra tem uma textura esbranquiçada devido ao uso do gesso que se mistura ao cristal.

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Especializada em técnicas vidreiras pela faculdade Staffordshire Polytechnic, da Inglaterra, Debora Muszkat está preparando uma grande peça para ser instalada no Metrô São Bento. Como ela diz, sua arte é “transformar o que não está percebido”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

FRASCOS DE ARTE, PERFUME ETERNO

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Espaço Perfume Arte + História (Rua Dr. Emílio Ribas, 110, Perdizes). Tel. (011) 2361-7728. 3ª, 4ª, 6ª e sáb., 10 h/ 18 h; 5ª, 10 h/ 20h; dom., 12 h/ 18h. Abertura sexta, 14 h.