Cândido Portinari estava cansado. Desiludido, até. Achava que a arte e suas telas estavam perdendo a validade histórica com o crescimento da fotografia e do cinema. Era 1956, e uma viagem estava prestes a mudar isso. Aos 53 anos, o pintor foi convidado pelo Centro Cultural Brasil-Israel para visitar o recém-criado Estado de Israel, fundado em 1948. Acompanhado da mulher, Maria, e do Filho, João Cândido, ele redescobriu o prazer da pintura. “Meu pai renasceu naquela viagem”, conta João Cândido, filho do pintor.

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O filho de Portinari viu o pai voltar a ter interesse em desvendar o deserto. “Naquele entusiasmo de retratar o povo, assim como tinha feito com o Brasil durante toda a sua vida, ele passou a restaurar tudo: a paisagem, a cor, os costumes, as festas, a religião.”

Dessa viagem de um mês, foram produzidas 122 obras, entre desenhos, esboços e pinturas, que resultaram na edição de um livro especial no ano seguinte ao do seu retorno da Terra Prometida, em 1957. Ainda no final dos anos 50, a chamada “Série Israel” foi exposta em São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires (Argentina), Lima (Peru) e Bolonha (Itália).

A partir de hoje, é possível apreciar 70 obras desse trabalho, no Centro de Cultura Judaica, com entrada gratuita. A exposição tem a curadoria de João Candido Portinari. Durante todo este mês, aliás, o artista será homenageado pela instituição. Além da exposição de suas obras feitas em Israel, o visitante terá acesso a livros de referência sobre o artista, obras ilustradas por Portinari e entrevistas. Serão ministrados até workshops de gastronomia com a temática do pintor paulista.

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A Série Israel ganha ainda mais relevância na atual situação geopolítica do Oriente Médio, com os conflitos entre Israel e Palestina novamente protagonizando os noticiários internacionais. Num dos esboços que está na mostra, Portinari cria uma cena que mostra um palestino e um judeu de braços dados. Para o filho do pintor, essa obra é muito simbólica. “Meu pai estaria muitíssimo triste com os atuais conflitos no Oriente Médio. Ele se redescobriu lá e sempre buscou a paz”, diz. As informações são do Jornal da Tarde.

Portinari em Israel – Centro de Cultura Judaica (Rua Oscar Freire, 2.500). Tel. (011) 3065-4333. Abertura hoje. Visitação: terça a sábado, das 12h às 21h, e domingos e feriados, das 11h às 19h. Até 06/09. Entrada gratuita.

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