Na primeira metade dos anos 70, quando começou a trabalhar com vídeo, Anna Bella Geiger usava uma câmera emprestada, que pesava 40 quilos e só filmava em preto e branco. Quase 40 anos se passaram, a videoarte se difundiu e as novas tecnologias alcançaram níveis inimagináveis. Mas as questões que movem a artista, em plena produção aos 76 anos, não passam por aí.
“Para mim, nunca houve a busca pela tecnologia inovadora, quero é transmitir uma visão de mundo através da minha poética. Basicamente, na videoarte ou nas videoartes que privilegiam o conceito não teve muita mudança”, diz Anna Bella, que revê sua trajetória – marcada pelo pioneirismo e ousadia, mistura de suportes e uso de linguagens diversas – no Oi Futuro, centro cultural carioca que prioriza a tecnologia.
Aberta inicialmente no fim de novembro, a retrospectiva Anna Bella Geiger: Vídeos 1974-2009 voltará hoje, depois das festas de Natal e ano novo. Ela gosta de observar a reação do público a obras como os vídeos Paisagens I e II, Declaração em Retrato I e II, Centerminal (as três de 1974), Mapas Elementares I, II e III (1976), Local de Ação I (1978/80), permeadas de indagações acerca do significado da cultura e o papel do artista no mundo, e as videoinstalações Friso, Mesa e Vídeo macios (1981) e as novíssimas Circa III e Circa IV, criadas para a ocasião. Ela acompanhou a reportagem em visita à mostra, em dezembro.
É a primeira individual, no Brasil, da obra em vídeo de Anna Bella, que já participou de bienais em Veneza e São Paulo e está presente nos acervos do MoMA, em Nova York, do Pompidou, em Paris, Victoria & Albert Museum, em Londres, Reina Sofia, em Madri, Museu de Arte Moderna do Rio e no Masp, em São Paulo.
“A mostra tem quase a totalidade dos meus vídeos, tanto os de monitores quanto de videoinstalações. Foi interessante criar para a exposição porque o espaço encaminha o trabalho”, conta Anna Bella, que, nas duas instalações mais recentes, misturou vídeo, desenho, areia, tijolos, pedras, miniaturas e folhas de jornal para poder criar ambientes alusivos ao Oriente Médio e que envolvem a arqueologia da memória. A curadoria é do artista plástico e crítico de arte Fernando Cocchiarale. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Anna Bella Geiger – Vídeos 1974-2009. Oi Futuro – 4.º piso. Rua Dois de Dezembro 63, Flamengo, Rio de Janeiro. Aberto de terça-feira até domingo, das 11 às 20 horas. Entrada franca. Até o dia 17.