De hoje a domingo, tem cinema brasileiro no Centro Cultural Banco do Brasil. A mostra “Brasil – Tela para Todos” inaugura novo horário. No primeiro fim de semana do mês, e durante dez meses – até setembro de 2012 -, sempre às 13 horas, o CCBB irá exibir dez títulos importantes da produção nacional. A mostra, com curadoria da jornalista Maria do Rosário Caetano, visa a dar a segunda chance a produções que, a despeito da estima da crítica, não tiveram a reciprocidade do público e ficaram abaixo da marca de 50 mil espectadores nos cinemas.
O longa de estreia da nova programação não poderia ser mais auspicioso – “Antes Que o Mundo Acabe”, da cineasta gaúcha Ana Luiza Azevedo. O filme trata de identidade e relações familiares, baseado no livro de Marcelo Carneiro da Cunha. É um autor que investiga o universo da infância e da adolescência e que, no Sul, é muito conhecido – seus textos são adotados em escolas e isso já deu uma entrada para o filme, junto a um importante segmento do público, pelo menos no Rio Grande do Sul.
Mais do que dar projeção a filmes merecedores de uma sobrevida, a mostra do CCBB tem como objetivo refletir sobre a realidade do cinema no País. O Brasil produz atualmente cerca de 80 títulos por ano. O mercado é aquecido por blockbusters – no ano passado, “Tropa de Elite 2”, de José Padilha, bateu o recorde histórico de “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de Bruno Barreto, e, com mais de 12 milhões de espectadores, se converteu no filme brasileiro de maior sucesso de todos os tempos. Paralelamente, obras de alta qualidade não conseguem passar pelo teste da bilheteria.
“Muitos filmes inquietos e inventivos não conseguiram alcançar o público que almejavam e mereciam. Nosso propósito é oferecer nova oportunidade de fruição aos interessados”, ressalta a curadora. Nunca é demais lembrar que a seleção espelha a diversidade da produção nacional. “São títulos concebidos e produzidos em todos os Brasis, longas de Porto Alegre, do Recife, Rio e de São Paulo, feitos por cineastas jovens ao lado dos já tarimbados.” Como apenas 8% dos quase 6 mil municípios brasileiros dispõem de cinemas – em geral, as grandes cidades e eles são concentrados nos shoppings -, os cerca de 200 milhões de habitantes do Brasil dispõem de apenas 2.238 salas para ver filmes.
Em visita ao Rio, para promover o lançamento da animação “O Gato de Botas”, o superprodutor Jerry Katzenberger lamentou que o Brasil tenha apenas 400 salas equipadas em 3-D, um número muito reduzido em face do potencial do público. O problema é que o Brasil não produz em 3-D e um eventual aumento do número de salas apenas beneficiaria ainda mais a produção de Hollywood, que já domina, maciçamente, o mercado. Nesse quadro, a proposta da mostra “Brasil – Tela para Todos” ultrapassa o debate estético e abrange também o da economia do cinema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Próximas Atrações
Janeiro – “Feliz Natal”, de Selton Melo
Fevereiro – “Pode Crer!”, de Arthur Fontes
Março – “Canta Maria”, de Francisco Ramalho Jr.
Abril – “Filhas do Vento”, de Joel Zito Araújo
Maio – “O Sol do Meio-Dia”, de Eliane Caffé
Junho – “Deserto Feliz”, de Paulo Caldas
Julho – “Eu Me Lembro”, de Edgar Navarro
Agosto – “O Homem Que Engarrafava Nuvens”, de Lírio Ferreira
Setembro – “No Meu Lugar”, de Eduardo Valente
Brasil – Tela Para Todos – CCBB (Rua Álvares Penteado, 112, Centro). Tel. (011) 3113-3651. R$ 4. Até setembro. Programação: www.bb.com.br/cultura