A geometria sempre foi elemento de grande interesse para o engenheiro, industrial e colecionador de arte Adolpho Leirner. “Quando estudei engenharia têxtil na década de 1950, na Inglaterra, fazia desenhos no papel quadriculado e isso influenciou muito minha atenção à geometria”, conta Leirner.

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Esse fascínio tão forte o conduziu, a partir de 1962, quando comprou a tela ‘Em Vermelho’, de Milton Dacosta, a formar uma importante coleção com o melhor da arte concreta e neoconcreta brasileira – só que esse acervo foi vendido por ele no ano passado ao Museum of Fine Arts de Houston (EUA). Mas a paixão de colecionista não tem limites, não se encerrou apenas no construtivismo.

Na década de 50 mesmo, em viagem pela França, Adolpho e sua mulher, Fulvia, entraram em contato com o art déco e nouveau e então foi o ponto de partida para colecionarem obras desse universo, tanto de artistas estrangeiros como brasileiros. Uma enxuta seleção desse acervo pode ser vista em exposição que acaba de ser inaugurada na Pinacoteca do Estado

A mostra ‘O ArtDéco Brasileiro: A Coleção Fulvia e Adolpho Leirner’ reúne quase 40 peças – tapeçarias, mobiliário, cartazes caricaturas (de J. Carlos, por exemplo), pinturas, esculturas, relevos e objetos – que fazem parte do ambiente da casa dos colecionadores. “É uma seleção muito restrita e faz o contraponto evidente entre o figurativo e o abstrato”, diz Adolpho.

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Afinal, o art déco – abreviação de arts décoratifs em francês – é estilo decorativo que se afirma nas artes plásticas, artes aplicadas (design, mobiliário, decoração etc.) e arquitetura na década de 1920, com criações em que volta e outra está a geometria. Como o estilo nasceu na França, ele foi popularizado e reinventado no Brasil por meio de artistas que passaram pelo País naquela época

“O primeiro motivo para meu colecionismo foram os tapetes caucasianos”, conta Adolpho. Dessa maneira, entre as obras presentes na exposição, estão os belos tapetes confeccionados por Cássio M’Boy (1896 -1986), decorador muito importante na década de 1930 que depois, no fim de sua vida, se mudou para o Embu – há também duas cadeiras criadas pelo artista na mostra. Mas o grande destaque mesmo fica para os trabalhos dos artistas John Graz (Genebra, Suíça 1891-São Paulo, 1980), sua mulher Regina Gomide Graz (1897-1973), e o irmão dela, Antonio Gomide (1895-1967). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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Serviço

O ArtDéco Brasileiro: A Coleção Fulvia e Adolpho Leirner. Pinacoteca. Praça da Luz, 2, São Paulo. Tel. (0110 3324-1000. 10 h/18 h (fecha 2.ª). R$ 4 (sáb. grátis). Até 5/10.