O desafio era monumental – montar uma exposição que apresentasse a multiplicidade da obra de Fernando Pessoa e agradasse tanto ao leigo como ao leitor mais fanático. Diante de tantas possibilidades, o fio da meada surgiu a partir de um dos versos do grande poeta: “Sê plural como o universo.” “É uma frase emblemática, que encontrei escrita em um de seus papéis, e que resume bem as intenções de Pessoa”, conta o pesquisador americano Richard Zenith que, ao lado do professor Carlos Felipe Moisés, é responsável pela curadoria de “Fernando Pessoa, Plural Como o Universo”, rica mostra sobre a vida e a obra do poeta português que será aberta hoje para convidados no Museu da Língua Portuguesa – a partir de amanhã e até 30 de janeiro, estará liberada para o público.
Trata-se de uma exposição que busca mostrar toda a multiplicidade da obra de Pessoa, oferecendo ao visitante uma viagem sensorial pelo universo do poeta, permitindo que ele leia, veja, sinta e ouça a materialidade das palavras. São basicamente três módulos que, depois de percorridos, possibilitarão conhecer um artista que não apenas modificou as artes, mas a sociedade como um todo.
“A mostra oferece uma linguagem acessível para quem nunca ouviu falar de Pessoa e também uma chance de novas descobertas para aqueles que já estão familiarizados com seus versos”, conta Moisés que, junto de Zenith, releu praticamente toda a obra do escritor para pinçar os elementos essenciais. Para que a mostra não se resumisse a paredes recheadas de fotos e poesia (“O que pareceria uma sessão de necrofilia”, brinca Zenith), os curadores convidaram Helio Eichbauer, conhecido pelo trabalho no teatro, para cuidar do projeto cenográfico. O resultado é deslumbrante, pois estimula todos os sentidos. Logo na entrada, por exemplo, o visitante se depara com seis cabines, cada uma identificada com os heterônimos de Pessoa, além de uma que carrega o próprio nome do poeta.
Também na entrada, o visitante perceberá que o azul predomina na coloração das paredes. “Isso porque a identidade visual é o mar que faz lembrar do azul da água e do céu”, explica Eichbauer. “É uma referência à época dos descobrimentos e das grandes conquistas de Portugal, inspirada no livro Mensagem. A ideia é sugerir viagens mentais e espirituais, em torno das ruas de Lisboa, das aventuras dos heterônimos e de Pessoa.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fernando Pessoa: Plural Como o Universo – Museu da Língua Portuguesa (Praça da Luz, s/nº, Luz). Tel. (011) 3326-0775. 10h/17h (fecha 2ª). R$ 6. Até 30/1. Abertura hoje, para convidados. A partir de amanhã, aberto para o público.