Eder Santos está totalmente imerso na ficção científica. É que o videoartista mineiro, de 49 anos, um criador reconhecido nacional e internacionalmente no gênero, começa a filmar em agosto seu segundo longa-metragem, “O Deserto Azul”, filme com enredo de certo modo futurista, ambientado em Brasília. “O personagem ‘Ele’ tem a sensação de que vai passar para uma outra dimensão. Em situações cotidianas fica decifrando um jeito de ir a esse lugar do qual tem uma visão”, conta Eder, que estava em Nova York justamente tratando com o músico Stephen Vitiello, parceiro de longa data em seus projetos, a trilha do filme. A obra, já até com proposta de se transformar em produção 3D, contará com os atores Maria Luisa Mendonça, Angelo Antonio e Odilon Esteves e fotografia de Pedro Farkas.
Se em 1997 Eder Santos afirmava que o futuro da videoarte seria apenas a videoinstalação, hoje o artista vê um espectro maior de possibilidades no trabalho de narrativas com a imagem. “O cinema deu uma virada ou o vídeo deu uma avançada. Na minha opinião, o que se chama de cinema digital é a evolução do vídeo, assumindo uma linguagem. Os equipamentos são muito mais baratos, é mais viável”, diz Eder, que realiza obras desde a década de 1980, completando, ainda, que será o 3D “o futuro mesmo da projeção, entrar num ambiente com imagens e daqui a pouco, sem mais óculos”.
Tanto que nesse momento em que vai começar a filmar seu novo longa, em 35 mm e em digital – e prepara mostras para o Masp e Museu Vale -, ele também inaugura na quarta-feira para convidados e na quinta-feira para o público, na Luciana Brito Galeria, exposição que tem como obra principal o curta-metragem “Cinema”, em projeção inédita em São Paulo, e ainda faz um retrospecto de outros de seus trabalhos de cunho cinematográfico, além da videoinstalação “Distorções Contidas II (2010)”, que tem como referência obras de Duchamp.
“A qualidade do vídeo tem o seu lugar, mas não vai chegar nunca a ser o cinema”, já define Eder Santos, acreditando, entretanto, que há cerca de sete anos “o vídeo narrativo era mais estranho” que agora. A nova obra que ele apresenta na cidade, criada em 2009, participou dos festivais de cinema de Roterdã, na Holanda, e do de curtas-metragens de Oberhausen, na Alemanha. Na galeria, é uma projeção de 6 metros e com qualidade perfeita em HD. Narrativa “da imagem pela imagem”, como diz o artista, ela se passa em paisagens e cidades de interior de Minas Gerais com trilha de Vitiello ao fundo e nada de palavras. “Ainda sou a favor das coisas bonitas”, diz Eder sobre a beleza poética do trabalho. A narrativa, especial, “entre sonho e imagem”, remete, como afirma o artista, ao cinema de um de seus diretores preferidos, o italiano Michelangelo Antonioni. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Eder Santos – Cinema – Luciana Brito Galeria. Rua Gomes de Carvalho, 842. Tel. (011) 3842-0634. 10 h/ 9 h (sáb., 11 h /17h; fecha dom. e 2ª). Grátis. Até 31/7. Abertura na quarta para convidados.