Mostra do cineasta Fritz Lang estreia no CCBB

Se os cinéfilos comemoram a mostra Fritz Lang – O Horror está no Horizonte, que começa nesta sexta-feira, 11, e traz todos os 41 filmes existentes do diretor austríaco ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), há uma razão a mais para tentar não perder nenhuma sessão da seleção: todos os títulos serão exibidos em película.

Dos mais antigos como As Aranhas, Parte 1, O Lago Dourado, passando pelos que dirigiu em sua fase americana, como Desejo Humano (1954) até o último, Os Mil Olhos do Dr. Mabuse (1960), já da fase em que retornou à Alemanha, a mostra reúne só cópias em 35mm e em 16mm. “Foi uma decisão nossa e do CCBB. Os que não são em 35mm são em 16mm. Como a seleção é da obra completa, nosso trabalho foi muito mais garantir de que forma os filmes seriam exibidos”, comenta um dos curadores João Gabriel Paixão, da Raio Verde Filmes.

“Está cada vez mais difícil trazer películas, pois, mesmo quem detém exemplares em 35mm restauradas, muitas vezes faz cópias digitais. Uma mostra como esta não existe só para que se conheça a obra de Lang, mas para que as sessões sejam boas experiências”, diz a também curadora Joice Scavone. “Quase todos seus filmes foram lançados em DVD, mas a partir de cópias inferiores. Esta é uma oportunidade para se ter uma outra apreensão de sua obra”, completa ela.

Portanto, a chance é única de conferir os 41 filmes do diretor e um longa especial: O Desprezo, de Jean-Luc Godard. Não foi por acaso que o diretor francês escalou Lang para viver ele mesmo no filme que revela tanto do próprio fazer cinema.

Desprezo é, aliás, um dos dois filmes da mostra que pertencem a acervos brasileiros. ” Vem do Filmes do Estação. Desejo Humano vem do acervo dos Filmes da Mostra”, informa João Gabriel.

O restante foi emprestado por instituições como a Cinemateca Alemã, o Instituto Alemão de Cinema, a livraria do Congresso dos Estados Unidos, a Eye Film (Cinemateca Holandesa) e a própria Fox, nos EUA. “A Fox funciona quase como uma cinemateca. Emprestamos também de coleções da França e Inglaterra”, completa o curador.

Entre as preciosidades, vale destacar obras como M, o Vampiro de Dusseldorf (1931), um dos maiores filmes do diretor austríaco e um dos grandes clássicos do Expressionismo Alemão, gênero que ele ajudou a fundar. Chega da Alemanha em um das últimas cópias restauradas do longa.

Já outro não tão famoso, Depois da Tempestade (1920), é um raro exemplar do começo da carreira do diretor, fase prolífica e anterior à sua mudança para Hollywood, para onde decidiu partir quando o nazismo ascendeu na Europa. “Este chega em cópia perfeita. Todos os filmes alemães estão em ótimo estado. Os americanos também, pois são, em geral, muito bem guardados e não precisam passar por restauração”, diz João Gabriel.

Imperdíveis são clássicos como O Testamento do Dr. Mabuse (1933) e Metrópolis (1927), que revelam muito da visão cética de Lang sobre a humanidade. Destaque ainda para o surpreendente A Morte Cansada (1921) e para o último filme americano do diretor, Suplício de uma Alma (1956). “Não se sai indiferente desta história. É forte. Tem toda a forma pessimista e desconfiada com que Lang retratava o mundo, em que os instintos violentos prevalecem. Seus filmes não tinham sangue, mas não é a plástica da violência que salta aos olhos, mas como ela é extravasada pelos personagens”, conclui João Gabriel. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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