Despeça-se da luz do sol, esqueça sem remorso os apelos por passeios no parque. Ficar ao ar livre não está com nada. É tempo de Mostra. A partir de amanhã, esparramada por mais de 20 salas em toda capital, a tradicional Mostra Internacional de Cinema de São Paulo oferece o equivalente a 27 dias no escurinho de cinema. São mais de 450 filmes, 644 horas de projeção, quase um mês de sombra. Um perfeito e saboroso chá de cadeira, ou melhor, de poltrona.
E a Mostra de Cinema de SP tem, por excelência, particularidades que, em qualquer outra ocasião, seriam um sacrilégio. Imortais da sétima arte, como Federico Fellini e Jean-Luc Godard, podem sair perdendo para Lindsay Lohan, Jessica Alba e Antonio Banderas. Nomões prestigiados de Hollywood, como Woody Allen, Martin Scorsese, Sofia Coppola, Ridley Scott e o ícone pop-trash Robert Rodriguez devem fazer filas dignas de vencedor de Oscar.
Allen integra o rol deste ano com “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos”, filme que foi exibido pela primeira vez em Cannes e tem no elenco Anthony Hopkins, Naomi Watts e Antonio Banderas. Já Coppola, cineasta filha de Francis Ford que caiu no gosto do público com “Encontros e Desencontros”, traz seu “Um Lugar Qualquer”, que venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza. Contraponto máximo aos clássicos está em Rodriguez, que apresenta seu mexicano sanguinolento “Machete”, com Lindsay Lohan, Robert De Niro e Steven Seagal. Já “Uma carta para Elia”, de Scorsese, é um tributo a Elia Kazan.
Outros artistas do primeiro escalão americano requerem um pouco de atenção, diluídos em tantos filmes à disposição. Ridley Scott, do épico “Robin Hood”, é o produtor do drama familiar “Cyrus”, com Marisa Tomei e John Reily. Outro grande elenco está em “Minhas Mães e Meu pai”, sobre dois irmãos gerados por inseminação artificial e criados por um casal de lésbicas que decide ir atrás do pai: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Annette Bening e até a moça de “Alice no País das Maravilhas”, Mia Wasikowska. A Mostra também é uma chance de ver atores na direção, como é o caso de Ben Affleck, galã que dirige o envolvente “Atração Perigosa”.
Mesmo sem estrelas, “Nowhere Boy”, por aqui traduzido como “O Garoto de Liverpool”, dirigido por Sam Taylor-Wood, deve atrair a horda beatlemaníaca com a história e trajetória de John Lennon. Outra pérola é o belo documentário “José e Pilar”, que faz um retrato da relação do escritor português José Saramago, morto este ano, e sua esposa, a jornalista espanhola Pilar Del Rio. Para abrir o evento, “O Estranho Caso de Angélica”, de Manoel de Oliveira. Dito isto, é preciso incluir, para alívio dos cinéfilos, as obras restauradas de Akira Kurosawa, que celebra o centenário na Mostra, e películas consagradas do alemão Wim Wenders, como “Paris, Texas”, que levou a Palma de Ouro em Cannes, em 1984, e a fábula “Asas do Desejo”, que lhe deu o prêmio de melhor diretor. As informações são do Jornal da Tarde.
34ª Mostra Internacional de Cinema – De amanhã a 4 de novembro. Ingressos: R$ 14 (segunda a quinta) e R$ 18 (sexta a domingo). Vendas pelo site: www.ingresso.com.
Central da Mostra: Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2.073). Diariamente, das 10h às 21h. Tel. (011) 3251-3374/3251-3369 (venda apenas de pacotes). Programação completa: www.mostra.org