A exposição Eternos Tesouros do Japão, aberta na noite de quinta-feira (24) para convidados, no Museu Oscar Niemeyer, deu início às festividades do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. A mostra, que já pode ser vista pelo grande público, também comemora o terceiro aniversário do museu. ?Esse é o espaço mais original e arrojado de todos os lugares onde esta exposição já esteve?, disse o diretor do Museu de Arte Fuji de Tóquio, Mitsunari Noguchi. Curitiba é a 27.ª cidade para onde a exposição já foi levada.
?Com esta exposição estamos promovendo um importante intercâmbio cultural?, disse a diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer, Maristela Requião. Ela afirmou ainda que o espaço está preparado para receber qualquer tipo de exposição, de qualquer lugar do mundo, e que já está preparando a vinda de outras grandes exposições para o museu. ?Estamos negociando uma exposição da artista mexicana Frida Kahlo e outra de Lucian Freud, neto de Sigmund Freud?, contou.
O presidente da SGI (Soka Gakkai International), principal responsável pela vinda da exposição ao Paraná, Daisaki Ikeda, enviou uma mensagem para ser lida na abertura da exposição pelo diretor-geral da entidade, Yoshitaka Ohaba. Ikeda enalteceu a acolhida que os japoneses receberam no Brasil há quase cem anos e destacou a beleza do Museu Oscar Niemeyer. Ele afirmou ainda que as peças que vieram ao Brasil foram escolhidas com muito cuidado para que a cultura japonesa pudesse ser compartilhada com toda a sua beleza, cores e delicadeza.
A SGI é uma organização voltada à promoção do conhecimento, da cultura e da paz em todo o mundo, presente em 190 países nos quatro continentes, no Brasil desde 1960. Ela possui desde universidades até instituições culturais, como o Museu de Arte Fuji de Tóquio, instituição que mantém o acervo que será exposto no Museu Oscar Niemeyer.
Estão expostas no Museu Oscar Niemeyer 119 obras de arte, que retratam aproximadamente um milênio da história japonesa e que pertencem ao acervo do Museu de Arte Fuji de Tóquio. As peças foram confeccionadas entre os períodos Heian (794-1185), Kamakura (1185?1333), Muromachi (1338-1573), Momoyama (1573-1603), Edo (1603-1867), Meiji (1868-1912), Taisho (1912-1926) e Showa (1926-1989), oito dos quinze períodos existentes até hoje no Japão.
As pinturas em biombos (byoubu), os pergaminhos suspensos, gravuras ukiyo-e, utensílios em laca, armaduras, espadas e caligrafia representam as principais escolas de arte japonesas, como Tosa, Kano, Sumiyoshi, Kaihou, Hasegawa, Rin, Ukiyo-e, Maruyamashijo e Nanga.
Preciosidades
Tigela Redonda é o item mais antigo em exibição na mostra. A obra é feita com laca preta e vermelha, e provavelmente era utilizada nas oferendas feitas aos pés da imagem de Buda. Há também uma série de itens como Chaleira e Tigela com Três Pés, que mostram um estilo de laca típica Negoro.
A mostra traz também pinturas em biombos e pergaminhos suspensos do Período Momoyama até o Período Edo. No Japão, o byoubu, que significa ?para quebrar o vento?, é um tipo de biombo utilizado como divisória ou como item decorativo. Já os pergaminhos eram pendurados nas paredes e, geralmente, eram decorados com caligrafia e pinturas. A pintura teve origem no pergaminho de mão (livro enrolado), importado da China, juntamente com o Zen Budismo, durante o período Kamakura.
A exposição exibe ainda peças referenciais na técnica ukiyo-e, de gravuras em blocos de madeira, como a série ?A Grande Onda na Orla de Kanagawa e Chuva Abaixo do Cume?. Outra série representativa é a obra Cinquenta e Três Estações no Tokaido, que funde cenas da natureza com costumes da vida diária. As peças também retratam atores no teatro Kabuki.
O teatro Kabuki é uma arte cênica tradicional do Japão, com origem em Kyoto há cerca de 400 anos. Os formadores de políticas da época do período Edo ficaram preocupados com a popularidade e o conteúdo das peças teatrais, o que provocou a imposição de muitas limitações, como a proibição de mulheres aparecerem em palcos.
Gravuras
As gravuras em blocos de madeira são conhecidas pela influência que tiveram sobre os pintores impressionistas na França. A palavra japonesa ukiyo-e (mundo flutuante) significava, originalmente, modernismo. As gravuras mostram a vida diária das pessoas, as paisagens e os costumes. Posteriormente a gravura foi feita com paisagens multicoloridas, artistas kabuki, lutadores de sumô e imagens de cortesãos.
Entre os objetos em laca, destacam-se os inro ou caixas para remédios, um item muito popular no período Edo. As pessoas usavam a pequena caixa pendurada na cintura. O tipo mais comum tinha várias divisões e furos nas laterais, por onde passava um cordão para fechar a caixa.
Também estarão expostos outros itens em laca como tinteiros, caixas de papéis de carta, prateleiras decorativas, caixa para máscara Noh, bandejar, caixas portáteis com divisórias para piqueniques, tigelas, baús, além de instrumentos para escrever, utensílios de cozinha e móveis.
Armaduras
O acervo de armaduras do Museu de Arte Fuji de Tóquio inclui grande variedade de estilos que cobrem aproximadamente 500 anos, desde o início do período Muromachi até o final do período Edo. São vestimentas completas, formadas por brasões, capacetes Kabuto, protetores para a face e para as bochechas, chapéus de palha, jaquetas de batalha, divisores de capacetes, cassetetes de metal e armas de fogo, além de selas, estribos e freios.
Entre as peças exibidas estão a Armadura Completa em Renda Marrom e Dourada, no estilo Domaru, e a Armadura Completa, no estilo Okegawado Gusoku, com Heráldica Todo.
A exposição também apresenta contos populares que tiveram uma grande influência na literatura japonesa, como, por exemplo, o Heike Nyogo-no-Shima, de Chikamatsu Monzaemon. Os contos descreviam o estilo de vida da nobreza durante o Período Heian e o contraste entre a cultura dos nobres e dos guerreiros samurais emergentes. Até hoje eles exercem uma grande influência nas novas gerações.
Serviço:
Eternos Tesouros do Japão
Visitação Pública: 25/08 até 09 de novembro
Preços: R$ 5,00 estudantes e R$ 10,00 adultos. Crianças até 12 anos, acompanhadas dos pais, e maiores de 65 não pagam
Onde: Museu Oscar Niemeyer, Rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico ? CEP: 80530-230 – Telefone: (41) 3350-4400
*Na tradição japonesa, retirar os sapatos para entrar nas casas e nos templos é sinal de respeito. Devido à fragilidade e por exigências técnicas de conservação das obras, esse ritual será seguido. Os visitantes terão que retirar os sapatos e guardá-los em uma sacolinha que será entregue na entrada da mostra.