Mostra de fotografias reúne de Acconci a Vaultier

Os anos 1960 e 1970 foram decisivos para a mudança dos rumos da arte contemporânea. Entre essas décadas surgiram movimentos radicais que reeditaram com maior êxito experiências estéticas de épocas passadas, em especial as de natureza dadaísta. Consagrando a arte conceitual e o happening, o período viu nascer grupos como o multinacional Fluxus e artistas como o alemão Joseph Beuys (1921-1986) e o francês Yves Klein (1928-1962), que, repetindo os gestos rebeldes dos futuristas russos, os verdadeiros precursores da performance, provocaram uma revolução em galerias e museus. Alguns dos principais nomes ligados à emergência da performance estão agora reunidos em 30 fotos vintage que a galeria Jacqueline Martins mostra na SP-Arte Foto, uma preview da exposição maior, com 107 imagens, que será inaugurada dia 27, na sede da galeria (R. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 74)

Pertencentes a dois colecionadores italianos veteranos, que acompanharam na época algumas dessas performances vanguardistas, as fotos trazem registros de “ações” de artistas como Vito Acconci, Joseph Beuys, Guglielmo Achille Cavellini (1914-1990), Jannis Kounellis, Urs Lüthi, Piero Manzoni (1933-1963), Nam June Paik (1932-2006) e Ben Vautier, entre outros. Em tempo: algumas dessas imagens estão à venda, por preços que variam de R$ 15 mil a R$ 60 mil.

A comercialização dessas fotos no mercado brasileiro são reveladoras da séria crise financeira da Itália, onde algumas das maiores galerias fecharam as portas. Entre todas as galerias dedicadas à arte experimental, a L’Attico é a que tem uma história estreitamente ligada à arte performática. Foi lá também que nasceu a arte povera. A galerista Jacqueline Martins, a pedido dos colecionadores italianos, não revela seus nomes, mas confirma a suspeita de que o momento crítico do mercado de arte na Itália tem levado à exportação de obras. “Eles são dois amigos e têm mais de 70 anos”, dá uma pista, indicando um possível teste de vendas da dupla de colecionadores fora da Europa.

Entre as imagens históricas da mostra estão duas que marcaram a carreira de artistas polêmicos: uma performance de Yves Klein (de 1962) – em que pinta uma tela no chão usando o corpo de modelos como pincéis – e outra com Piero Manzoni autografando seu nome sobre o corpo de duas mulheres nuas (a performance Sculture Viventi, 1961). Tanto Klein como Manzoni tinham verdadeira obsessão pelo tratamento da arte como mercadoria. Klein, principal figura do nouveau réalisme francês, realizou, entre 1959 e 1962, dois atos performáticos em que “vendia” espaços vazios de Paris por ouro a quem mostrasse interesse, jogando ao Sena (no segundo ato) a parte do metal recebido em troca do “certificado” dado ao comprador. Tudo para “resgatar a ordem natural das coisas”.

FOTOS VINTAGE – Shopping JK Iguatemi. Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2.041, 3152-6800. 14 h às 20 h. Até 25/8. A exposição (versão ampliada) será aberta dia 27, Galeria Jacqueline Martins. R. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 74. Até 30/9

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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