O cinema do diretor alemão Wim Wenders, de 66 anos, é uma narrativa de encontros. Seja o encontro do personagem consigo mesmo, dele com a estrada, dos dois com o espectador ou tudo isso junto. Wenders é um dos diretores europeus mais cultuados e prolíficos – dirigiu mais de 40 filmes. Quem quiser conhecer ou apreciar sua obra, pode conferir, a partir de hoje, a mostra “Wim Wenders – Imagens que obedecem”. Serão 15 longas dele exibidos na Caixa Cultural São Paulo, ao preço de R$1 a inteira e R$0,50 a meia entrada.
Entre os filmes apresentados, destaca-se “Paris, Texas” (1984), com o qual ganhou a Palma de Ouro em Cannes. Nele, um homem desaparecido por mais de quatro anos, e com amnésia, é encontrado pelo irmão num hospital do Texas. Ao voltar para casa, passa a conviver com o filho de sete anos, do qual não se lembra. O longa traça, de forma sensível, o percurso do protagonista Travis, em busca de construir-se novamente como homem e pai.
Outra obra emblemática é “Asas do Desejo” (1987). A história mostra anjos que observam a vida caótica dos moradores de Berlim. O interessante é que a narrativa se passa num ano em que a Alemanha ainda estava dividida em Ocidental e Oriental. Wim Wenders, porém, faz com que os anjos voem por cima da cidade, demarcando sua posição política contra a divisão. Além desse engajamento – que ele tão bem traduziu por meio da arte – o cineasta tinha métodos um tanto quanto anarquistas na hora de trabalhar.
“Asas do Desejo”, por exemplo, foi feito sem roteiro. Quando Wenders veio ao Brasil, em 2008, comentou que costuma escrever cenas de filmes no dia anterior às filmagens. Perguntado pelo cineasta Walter Salles como conseguia esse tipo de liberdade – já que os estúdios exigem planejamento detalhado -, Wenders respondeu que simplesmente escrevia roteiros falsos, com finais ridículos e que os ignorava na filmagem.
Um pouco da forma como o alemão trabalha, incluindo fatos de sua vida, serão mostrados no documentário “Os Primeiros Anos de Wim Wenders”. Nele, é possível ver incidentes que marcaram sua trajetória. Desde criança, Wenders mostrava interesse por viagens e outras culturas. Na vida adulta, acabou estudando pintura em Paris, no final dos anos 1960. Essa experiência, aliás, foi decisiva na construção de sua relação com as imagens. As informações são do Jornal da Tarde.
Wim Wenders – Imagens que Obedecem. De hoje a 25/09. Caixa Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111). Tel. (011) 3321-4400. R$ 1 (inteira) e R$ 0,50 (meia). Programação completa: http://3moinhos.com/wimwenders