Chico Buarque, Nara Leão e Maria Bethânia – o trio está em Quando o Carnaval Chegar, musical político de Cacá Diegues que abre nesta quarta, 24, a mostra Clássicos e Raros do Nosso Cinema na Cinemateca. Além desse canto de esperança em meio à ditadura militar (1972), a mostra apresenta 20 outros títulos “sendo que, desse total, 16 contam com novos materiais confeccionados especialmente para a mostra”, diz Olga Futemma, coordenadora-geral da Cinemateca Brasileira.

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Os títulos apresentados abrangem várias fases do cinema brasileiro e foram escolhidos segundo critérios de raridade e relevância histórica. De acordo com o curador da mostra, Leandro Pardi, coordenador de difusão da Cinemateca: “Privilegiamos filmes há muito fora de circulação ou sem materiais de exibição satisfatórios, como Capitu, de Paulo César Saraceni, O menino e o vento, de Carlos Hugo Christensen, Paixão na praia, de Alfredo Sternheim, O Cinema Falado, único filme dirigido por Caetano Veloso; Pensionato de mulheres, de Clery Cunha, bastante criticado em seu lançamento”.

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A mostra comemora os 70 anos de criação da Cinemateca e o centenário de seu fundador, o crítico Paulo Emilio Sales Gomes. Vai até o dia 17 de dezembro e, no dia 3, promove o lançamento do livro Uma Situação Colonial? (Cia das Letras), coletânea de textos de Paulo Emilio organizada por Carlos Augusto Calil.

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Esses eventos são como uma pajelança para afastar maus fluidos de uma instituição vital para a cultura cinematográfica brasileira, mas que tem passado por maus momentos nos últimos anos. A própria Olga Futemma e vários outros funcionários haviam sido afastados no início da gestão do então ministro Marcelo Calero no MinC. Após manifesto da classe cinematográfica, Futemma foi reconduzida ao cargo.

Agora Calero demitiu-se e assumiu o deputado do PPS, Roberto Freire. Em meio a essas incertezas e turbulências, Olga Futemma respondeu a perguntas da reportagem.

A Cinemateca tem alguma autonomia ou ainda fica ao sabor das turbulências políticas do momento?

Assim como qualquer equipamento cultural público, a Cinemateca procura lidar com as turbulências de forma que incidam o menos possível na realização plena de suas atividades.

O ministro Calero saiu atirando e quem assumiu o MinC foi o Roberto Freire, cujo currículo de gestor cultural desconheço. Como fica para a Cinemateca?

Essa mudança ainda é muito recente. Não tivemos nenhum posicionamento novo.

Estamos seguindo nosso plano para finalizar, da melhor forma possível, os projetos de 2016.

No aniversário dos seus 70 anos, a Cinemateca tem o que comemorar?

Claro que sim! Mesmo com todas as dificuldades, devemos reconhecer as conquistas deste ano: como a retomada de alguns fluxos essenciais para preservação do acervo, que haviam sido interrompidos em 2013, a contratação da pequena equipe de técnicos especializados, além da realização de mostras que tiveram uma audiência de 46 mil pessoas em 2016.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.