Mostra celebra elegância e decadência dos antigos cruzeiros

?É um jogo, uma brincadeira, um faz-de-conta. Eu vou nessa viagem e me divirto muito?. No universo fantástico de agora, Juarez Machado celebra a elegância e a decadência dos cruzeiros dos anos 20, 30, 40. O artista se vestirá de almirante para o vernissage, e apresentará, hoje, na Simões de Assis Galeria de Arte, em Curitiba, Diário de Bordo.

São quadros, desenhos e esculturas capazes de fazer sentir a brisa e até ouvir o barulho do mar. O croisière do artista, um convite para o público.

Apresentada pelo marchand Waldir Simões de Assis Filho, a exposição traz 80 peças. Com suas mulheres e seus personagens a bordo de navios luxuosos de anos atrás, Machado trabalha o tema há dois anos. Algumas peças já foram apresentadas, em 2006, na exposição Croisières (Cruzeiros), em Paris. A coleção, que agora está em Curitiba, é uma continuação. ?Não há nada de novo. Apenas habitei esse ambiente com minhas mulheres, meus personagens. Esse trabalho é uma continuação da exposição La Fête Continue (A Festa Continua), de 1998. São homens e mulheres numa certa elegância e decadência. Em primeiras classes de navios que já não existem mais. É um culto ao tempo que já passou?, explica o artista.

Foto: Ciciro Back

?Destino Rio de Janeiro?, óleo sobre tela – 2007.

Apesar das peças provocarem sensações diversas – até dão a impressão de se poder ouvir o tilintar das louças -, como revela Machado, ?há um certo silêncio, uma certa tristeza. Você sente, mas não houve a voz humana?. Seguindo um estilo próprio – ?machadiano?, como brinca o artista – é como se ele se pintasse. ?Esse trabalho talvez seja um desejo meu de voltar a esse tempo no qual nem vivi. Eu pinto o que eu penso, o que sinto, o que desejo. Pinto meus medos, minha vergonha?, esclarece.    

?Eu gosto de gente, é por isso que pinto gente?, diz Machado ao afirmar que suas peças são um culto ao ser humano. ?Sei que passam uma sensualidade grande: é minha paixão pela anatomia humana, que me emociona?, menciona o artista. Além de sensual, a arte de Machado é criativa, imaginativa. Segundo ele, é herança que vem de seus anos de charge e de cenografia e criação na tevê. ?As minhas figuras são teatrais, justamente por viver esse universo da fantasia?, justifica o artista, que, a cada novo trabalho, ouvindo jazz, para criar, se veste conforme o tema. ?Mando, inclusive, fazer roupas e sapato?, revela.

Escultor

Com quase 67 anos, Juarez Machado conta que quando mudou para Curitiba, em 1960, para estudar arte, a sua vontade era ser escultor. ?Os meus primeiros prêmios foram de escultura, mas eu não tinha físico, nem espaço, nem dinheiro para continuar?, lembra. Formado, mudou-se para o Rio, ?onde quis continuar com meu desejo de ser escultor, mas não foi possível?. Há 22 anos, quando passou a viver em Paris, de uma amizade com um fundidor, ele voltou às esculturas. Vinte peças desse trabalho estão expostas na galeria, em Curitiba.

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