Transitar entre as esferas do desenho e da pintura de Anatol Wladyslaw e refletir sobre as diferentes fases da abstração desenvolvida por ele. Essa é a proposta da exposição ?Anatol Wladyslaw e uma outra abstração?, que abre nesta quinta-feira (26), às 18h30, no Museu de Arte Contemporânea. As telas e desenhos em papel, apresentadas na mostra, foram doadas em 2006 pela viúva do artista, e restauradas recentemente pelo Laboratório de Papel. Agora, se inserem no acervo do MAC.
Segundo a curadora da exposição e mestre em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ana Paula França, a mostra conta com 41 obras, divididas entre trabalhos de Wladyslaw e outros abstracionistas brasileiros. ?Além de mostrar as telas e desenhos na nova casa, a intenção é estabelecer um diálogo entre elas e aquelas peças que já compõem o acervo local?, explica.
A relação dos trabalhos do polonês, naturalizado brasileiro, se estabelece com artistas como: Yolanda Mohalyi, Fayga Ostrower, Helena Wong e Fernando Velloso, entre outros. A curadora diz que a reunião não é por acaso, pois estes artistas, assim como Wladyslaw, demonstraram motivações criativas diferentes das dos concretistas, ou seja, abandonaram a figura. Porém, por razões menos dogmáticas.
?Wladyslaw foi um integrante do Grupo Ruptura de 1952, importante marco da história da arte moderna no Brasil. Eles pregavam a arte concreta, a arte abstrata realizada a partir de pressupostos racionais?, afirma Ana Paula. O polonês, junto com os artistas Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Lothar Charoux, Kazmer Féjer, Leopoldo Haar e Luís Sacilloto, abandonaram a representação da realidade em suas obras porque a arte representativa não respondia às novas questões do mundo industrial.
Mas, de acordo com Ana Paula, Wladyslaw não conseguiu levar esta proposta de maneira consistente. ?Seus trabalhos sempre possuíram elementos emotivos. Após 1954, ele empreendeu, criticamente, uma abstração mais solta, de formas orgânicas, de texturas marcantes. Esse tipo de abstracionismo atende por vários nomes, como informal, tachismo, expressionismo abstrato?, esclarece a curadora.
Pelo valor simbólico e histórico das obras de Anatol Wladyslaw, o Museu de Arte Contemporânea oferece mais em acervo e importância cultural. Para Ana Paula, ?essa abstração antagônica foi muita significativa para a constituição da arte moderna no Brasil, especialmente em se tratando da produção realizada fora do eixo Rio-São Paulo, apesar das pesquisas e retrospectivas do período geralmente não a concederem o devido peso?, finaliza.
Serviço: Obras restauradas em papel de Anatol Wladyslaw
Quando: nesta quinta-feira, dia 26
Horário: 18h30
Local: Museu de Arte Contemporânea (R. Desembargador Westphalen, 16)
Horário de visitação: terça a sexta-feira, das 10 às 19 horas, e sábados e domingos das 10 às 16 horas. Entrada franca.
A exposição permanece até 21 de setembro.
Informações: (41) 3222-5172