Morto aos 80, Hans Hollein projetou edifícios polêmicos

Morreu nesta quinta-feira, 24, aos 80 anos, em Viena o arquiteto, urbanista e designer austríaco Hans Hollein, que ganhou em 1985 o Pritzker Prize, a maior distinção da arquitetura internacional. Hollein foi descrito pelo ministro da Cultura da Áustria, Josef Ostermayer, como “um mestre arquiteto, professor inspirado e visionário”.

Hollein participou da 6.ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, em 2005, quando veio à cidade convidado para debater o tema Viver na Cidade: Arquitetura – Realidade – Utopia.

Um dos manifestos mais debatidos de Hollein foi o texto Tudo É Arquitetura, que previa a expansão do conceito clássico do ofício. “Uma verdadeira arquitetura de nosso tempo tem de redefinir a si mesma e expandir seu significado. Muitas áreas externas ao edifício tradicional vão entrar no domínio da arquitetura, assim como a arquitetura e os ‘arquitetos’ deverão penetrar em novos campos.” Por conta disso, sua atividade abrangia um leque amplo: desenhava de óculos a móveis. E museus.

Sua obra tinha um toque ligeiramente esnobe, como no uso de palmeiras de bronze em uma agência de viagens em Viena. Sua Haas Haus, no centro de Viena, causou polêmica ao ser erguida em 1990 por se tratar de um prédio espelhado no epicentro de um conjunto histórico – especialmente a turística catedral Stephansdom.

Hans Hollein acreditava que o arquiteto estava envolvido em situações na qual agia e reagia, às vezes ultrapassando os limites tradicionais da arquitetura. Ele também chegou a projetar um Guggenheim Museum para Salzburg, em 1990, numa época em que o diretor da instituição, Thomas Krens, saiu pelo mundo com um projeto de expansão da marca. O projeto, cancelado, seria um enclave na pedra. O plano era instalá-lo em três níveis dentro de Mönchsberg, uma formação rochosa que é um marco na paisagem da cidade, de uma maneira que seria quase invisível do lado de fora. Seu plano bateu competidores como Giancarlo de Carlo, Gerhard Garstenauer, Jean Nouvel e Josef Paul Kleihues.

Hollein recebeu o título de mestre de arquitetura da Universidade da Califórnia, em Berkeley, em 1960, desenhando edifícios como o Museu de Arte Moderna de Frankfurt (cuja forma triangular, numa esquina em forma de Y, o fez ser apelidado de Fatia de Bolo) e o museu de vidro e cerâmica de Teerã.

Seus projetos de museus, como o Museu Abteiberg, em Mönchengladbach, além do pavilhão austríaco na Bienal de Veneza, são muito celebrados. Também foi autor de numerosos planos de exposições e instalações em museus ao longo de sua carreira. Lecionava na Hochshule für Angewandte Kunst, em Viena, e na Düsseldorf Academy, além de ser docente convidado na Washington University, University of California de Los Angeles e na Universidade Yale.

Hans Hollein foi o diretor da mostra de arquitetura da Bienal de Veneza na edição de 1996, quando coordenou homenagem a Oscar Niemeyer. O tema era Sensing the Future – The Architect as Seismograph. “No centro dessa mostra, existe a ideia do arquiteto concebido como um sismógrafo, ou seja, dotado de uma particular capacidade de olhar em direção ao futuro, captando os movimentos e as tendências que vêm ao encontro de nossas vidas”, afirmou.

“A arquitetura, assim como as outras artes, personalizou-se”, conceitualizou, na época. “Realmente, não se trata mais de uma questão de movimentos, de endereços coletivos deduzidos de um programa dirigido, de um dogma ou de uma verdade comum.” E arrematou: “Ao contrário, as novas ideias, as novas tendências e as novas visões do futuro são, neste momento, exemplificadas pelas convicções e realizações de cada indivíduo”.

Hollein nasceu em Viena em 1934, vindo de uma família de engenheiros de mineração. O arquiteto deixou um filho, Max, e uma filha, Lilli (a mulher, Helene, morrera em 1999). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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