Ó Diógenes! Levanta-te da tumba com teu lampião de gás, para tentarmos,juntos, encontrar um homem honesto, neste País!
Cuidado! Eles estão à nossa espreita. Em cada esquina, em cada rua, os sicários nos esperam com seus punhais afiados, com suas armas de fogo, com suas mãos sujas de sangue. Não podemos distingui-los na multidão. Não são maltrapilhos. São homens comuns. Barbeados e bem vestidos.
Quem são eles? Quem é essa gente que prefere o atalho a percorrer o caminho mais longo – aquele que nós outros percorremos – do trabalho honesto e da cidadania?
A que espécie de fauna pertencem esses indivíduos que arrancam você de seu veículo, tomam-lhe os pertences, e, de quebra, lhe dão um tiro na cabeça? Ou aqueles que invadem o recesso de seu lar, saqueiam tudo, estupram suas filhas e, de quebra, lhe quebram a perna com uma marreta? Pobrezinhos! Não tiveram uma oportunidade, na vida…
Dia desses, tive ânsias de vômito em frente à TV, quando vi a desfaçatez de um bandido pedindo perdão àquela desventurada mãe, por haver matado cruelmente o filho dela, num assalto… Desculpe-me, doutor, eu não queria estuprar sua filha…
O cerco dos bandidos está apertando, mais e mais. Sua crueldade não têm limites. E a sociedade pede socorro. Impotente e desnorteado, o governo continua filosofando sobre as possíveis causas do aumento da criminalidade e as aves de rapina da política rasteira continuam avançando despudoradamente sobre o erário. Enquanto isso, as quadrilhas, fortemente armadas e abastecidas com o dinheiro do tráfico, ridicularizam a segurança pública e avançam sobre nós para nos dizimar, impiedosamente, um por um. Ontem, foi a vez de seu amigo; hoje é a de seu irmão; amanhã será sua vez ou a minha. Ou – valha-me, Deus! – a de seu filho ou do meu!
Quem nos virá acudir, quem virá salvar-nos da sanha desses marginais? Em quem devemos confiar, quando vemos um traficante condenado a mais de 500 anos de prisão escapar assoviando, de mãos nos bolsos, pela porta principal de um Batalhão da Polícia Militar?
Ó Diógenes! Levanta-te da tumba com teu lampião de gás, para tentarmos, juntos, encontrar um homem honesto, neste País!
Leio no jornal que quatro assaltantes chineses foram executados na quinta-feira passada. Quatro a menos! A TV noticia que mais nove bandidos foram mandados para o inferno. Ufa! Já são treze! Pena que não foi aqui, mas do outro lado do mundo! Segundo o Tribunal chinês, a execução serve para proteger a segurança dos bens e da vida das massas populares…
Será que, na China, os Tribunais são bárbaros, por aplicar lei tão severa? Ou, por outra, seriam bárbaros os legisladores que aprovaram lei tão severa? Só sei que no país mais democrático do mundo, bandido é assado na cadeira elétrica… Nunca ouvi dizer que qualquer deles tenha voltado do inferno para praticar outros crimes contra a sociedade…
Por outra: Nós, subdesenvolvidos, é que estaríamos certos? Com nosso paternalismo atávico, nosso assistencialismo piegas, nosso populismo nefasto… enfim, com nossa hipocrisia? Com nossa atitude submissa de ovelhas rumo ao matadouro?
Socorro! Eu não quero morrer assim. Não quero ver meus filhos morrerem assim! Não, omisso. Não, calado.
Ó Deus! Antes que esses facínoras me ataquem na próxima esquina e abram meu peito com uma faca, ou estourem minha cabeça com uma bala, deixe-me, ao menos, soltar meu grito de revolta e desespero: Proteja as vitimas, Senhor, que são inocentes! E morte a essas criaturas desprezíveis! Morte aos assassinos!!!
Albino de Brito Freire
é da Academia Paranaense de Letras e da Escola da Magistratura.