A Prefeitura de Morretes, através da Secretaria de Cultura e Esportes, abre a exposição ?Serra do Mar, a poesia na paisagem paranaense?, com fotos da Serra do Mar e da Estrada de Ferro que liga o planalto ao litoral, onde estão expostas na Praça Rocha Pombo, 01, próximo à Estação Ferroviária, de segunda a sexta-feira, das 08h00 às 14h00, até dia 11 de fevereiro.
Esta exposição é uma parceria da Secretaria de Estado da Cultura e Prefeitura de Morretes, onde o Museu Paranaense cedeu as fotos e Prefeitura de Curitiba ? Divisão de Museu de História Natural cedeu os animais empalhados, que vivem na região de mata atlântica de Morretes, e neste espaço são mostradas aos visitantes 50 fotos e 14 animais empalhados, além de um banner que traz a foto de dentro de um túnel, onde o visitante tem a sensação de estar observando a máquina motriz na estrada de ferro vindo em sua direção.
Conjunto montanhoso Maciço Atlântico, que costeia o litoral brasileiro, do Espírito Santo até o sul de Santa Catarina, tem no trecho paranaense a Serra do Mar, a qual é ainda uma das mais preservadas de todo o Maciço.
Localizada entre o litoral e o planalto curitibano a Serra do Mar não integra apenas a nossa paisagem. Ela é parte essencial de nossa História. Ultrapassá-la, vencê-la foi o grande desafio do colonizador para a conquista dos planaltos e dos Campos Gerais. A Serra do Mar guarda os vestígios das trilhas por onde nossa História caminhou. Dos caminhos primitivos às estradas que hoje trafegamos, muitos registros históricos se fizeram. Os viajantes venceram dificuldades, obstáculos dessa imensa barreira plantada entre o mar e o planalto. Entre esses caminhos destacam-se: o do Arraial, talvez o mais antigo de todos, utilizado principalmente pelos moradores de São José dos Pinhais, mais tarde sendo também o preferido pelos da Vila do Príncipe (Lapa). Ele iniciava no porto do Rio do Pinto e atingia o Arraial no planalto. Consta que teria sido aberto pelos faiscadores de ouro. O caminho do Itupava foi descoberto por caçadores quando perseguiam uma anta. Começava em Porto de Cima, passava pela Borda do Campo e chegava em Curitiba. Por muito tempo foi a mais importante ligação entre o litoral e o primeiro planalto. Já o caminho da Graciosa, originário de uma antiga trilha indígena, que de Antonina atingia Borda do Campo e após Curitiba, dá origem à primeira estrada carroçável.
O ouvidor geral, Rafael Pires Pardinho, que esteve em Curitiba entre 1720 e 1721, assim escreveu ao rei contando sua viagem do litoral ao planalto: "… as primeiras seis navegadas por uma dessas baías e por um rio (Cubatão, Nhundiaquara de hoje), que vai quase ao pé da Serra e em que há várias itaipevas e cachoeiras que se passam com risco; as outras cinco em subir a serra, é de matas que nelas há; e as últimas quatro de campo, até chegar a vila Curitiba…"
Talvez impressionado com os riscos do caminho do Itupava, por onde passou, num dos provimentos que expediu, recomendava a transformação da trilha da Graciosa numa estrada transitável.
Os citados caminhos, no início, eram picadas abertas no meio do mato, admitindo a passagem de pessoas. No decorrer dos anos alargaram-se a fim de permitir também o trânsito de animais. Conforme o tamanho da tropa de mulas e a carga que elas carregavam ou, então, com o que as pessoas carregavam sobre suas costas, uma viagem por tais caminhos levaria muitos dias.
Por eles, durante séculos, fluíram a vida e a história do Paraná. Através deles, chegou o homem branco, em busca do ouro e caçando índios; estabeleceu-se o comércio entre as partes do nosso território, e fazendo com que o Paraná se integrasse ao restante da Colônia; chegaram as primeiras autoridades; passaram viajantes ilustres e artistas que registraram nossa paisagem; exportou-se a erva-mate; e transitaram levas de imigrantes.
Por estes caminhos, chegou o primeiro presidente da Província, Zacarias de Góes e Vasconcelos. Também passaram D. Pedro II e sua comitiva quando da visita ao Paraná, em 1880.
Com a construção da Estrada de Ferro, a Serra do Mar é palco de um triste episódio de nossa história. No km 65 da ferrovia, o Barão do Serro Azul e um grupo de pessoas foram assassinados no decurso da Revolução Federalista, em 06 de setembro de 1893.
Após muitos anos de intenções, é construída a Estrada da Graciosa, concluída em 1873. Duas décadas e doze presidentes da Província depois de seu início.
Mais tarde, com a inauguração da BR 277, que veio para substituí-la, a velha estrada passa a ser incluída no roteiro turístico do Paraná. O que um dia fora obstáculo para o transporte de pessoas e mercadorias, as suas sinuosas curvas, os longos declives, o leito estreito, acabou transformando-se em atração. Lá está a imponente estrada cortando a paisagem da serra, por entre a mata nativa, sua margem abre-se em flores.
A Serra do Mar continua deslumbrante ante os olhos daqueles que nos visitam, despertando orgulho no coração dos paranaenses. Preservá-la é também preservar a nossa memória.
Enfim a Serra do Mar é vital. Para o bugio, para o papagaio-de-cara-roxa, para o boto, para a caxeta amarela, para as orquídeas e para o homem, para que exporte soja ou beba água.
