Considerado o precursor da moderna literatura africana, o escritor nigeriano Chinua Achebe morreu, aos 82 anos. A notícia foi divulgada nesta sexta-feira e, segundo os meios de comunicação nigerianos, Achebe morreu nos Estados Unidos, em um hospital de Boston, Massachusetts. A causa da morte ainda não foi divulgada.

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Com uma visão crítica sobre como autores estrangeiros retratavam a África, notadamente o clássico O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, Achebe é autor de uma poderosa obra-prima, O Mundo se Despedaça, lançado em 1960 e publicado no Brasil pela Companhia das Letras. Reconhecido como a primeira obra de ficção moderna africana, o livro se configura como uma contra narrativa, pois explicita o inverso das narrativas que Achebe lia enquanto se alfabetizava nas escolas britânicas, escritas por ingleses e que se passavam na Nigéria.

A obra vendeu mais de 8 milhões de cópias e foi traduzida para 50 línguas. Segundo o crítico Vinicius Jatobá, em crítica publicada no jornal O Estado de S. Paulo, nas mãos estoicas de um Coetzee, esse romance de Achebe teria apenas 30 páginas. “Os fundamentos do tipo de narrativa praticada por Achebe foram tão esgarçados que o leitor tem que aprender a ler no tempo pretérito do romance, que é outro, ancestral”, observa. “Contudo, uma vez mergulhado nesse código narrativo, entende-se a verdadeira natureza necrosada do clássico, sua força corrosiva – o clássico é um livro que constrange porque faz com que o leitor formule perguntas cujas respostas demandam esforço e criatividade.” Além de O Mundo se Despedaça, a Companhia das Letras publicou também A Flecha de Deus, A Paz Dura Pouco e A Educação de uma Criança sob o Protetorado.

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