O escritor húngaro Péter Esterházy passeava com desenvoltura pelos principais temas literários, como sexo, velhice, amor e política. Matemático de formação, herdeiro de uma linhagem da aristocracia de seu país, Esterházy era considerado um dos autores europeus mais importantes da atualidade. Ele morreu nesta quinta-feira, 14, aos 66 anos, vítima de um câncer no pâncreas, assunto que tratou em sua última obra, Journal Intime du Pancréas (Diário do Pâncreas, em tradução livre).
Autor de Os Verbos Auxiliares do Coração e Uma Mulher, publicados pela Cosac Naify, Esterházy participou da 8ª Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, em 2011.
“Não sei se eu realmente tenho um método”, disse ele, em entrevista, em 2010. “É como se os métodos variassem de livro para livro. Eu também me modifico; também através dos livros. E também permaneço o mesmo. O fato de ter estudado matemática, certamente, influencia meu modo de pensar e, assim também, minha escrita. Se isso é claramente notável, é questionável. A concepção musical do texto é importante pra mim, como motivos, repetições, etc. Em geral, uma espécie de consciência da forma.”
Sua obra mais importante é Harmonia Caelestis, de 2000, na qual narra a história aristocrática de sua família, que foi perseguida pela ditadura comunista. Ele dizia que a reconquista da liberdade, em 1989, não implicava em mudanças radicais na literatura.
“A época das inovações foi antes, no fim dos anos 1970 e início dos 80. Na verdade, quando eu comecei a escrever, a literatura austríaca era muito importante, também por causa do enfoque na linguagem centrada ou na linguagem filosófica; ver, por exemplo, Wittgenstein. Enquanto jovem autor, Peter Handke foi importante; foi algo totalmente diferente com que me deparei em casa, na Hungria”, afirmou.
Admirador da obra do húngaro, o americano John Updike considerava sua prosa “cheia de vida”, graças à sua diversidade estilística e aos experimentos formais.