Embora mais conhecido como conselheiro da ex-primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher (1925-2013), experiência que ele relata no livro The Servant, o barão Alistair McAlpine, morto no último dia 17, foi um dos grandes colecionadores de arte da Inglaterra, deixando parte de seu acervo para os museus de seu país, entre eles a Tate Gallery, que recebeu, em 1970, mais de 60 esculturas de sua coleção privada, destacando-se obras de David Annesley, Philip King e William Tucker. McAlpine morreu aos 71 anos, em sua casa em Puglia, na Itália, onde abriu no começo dos anos 2000 um café num antigo mosteiro, o Convento de Santa Maria de Constantinopla.
O barão McAlpine, especialmente ligado aos pintores do expressionismo abstrato norte-americano, tinha em sua coleção pinturas de Jackson Pollock e Morris Louis. Foi um dos primeiros a colecionar obras de Mark Rothko e da pintora brasileira de origem alemã Eleonore Koch, que o conheceu quando morava na Inglaterra. McAlpine chegou a ter 30 telas da artista em sua coleção, perdendo um terço delas num incêndio em sua casa de campo, um castelo do século 18 em West Green, ao norte de Londres.
Membro do Partido Conservador, sua posição política contrastava com o ousado gosto artístico. McAlpine foi até acusado de pedofilia por ter em seu poder obras assinadas por Graham Ovenden, pintor de ninfetas em poses semelhantes às de Alice Liddel, que inspirou Lewis Carroll. McAlpine processou os veículos de informação que o acusaram e, inocentado, doou a indenização a instituições que cuidam de crianças.
McAlpine foi mecenas de artistas, incluindo Eleonore Koch. Ela conta que tinha com o colecionador um acordo de compra de suas telas que durou até meados dos anos 1970 (ela o conheceu em 1969). Quando o castelo do barão pegou fogo, ela foi até West Green para verificar o que restou de suas pinturas, mas não foi possível recuperar nenhuma das que vendeu a McAlpine, descendente de barões da construção civil.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.