“O espaço, a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise em missão de cinco anos para pesquisar novos mundos, novas civilizações. Audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve”.
O lema da celebrada série Jornada nas Estrelas, lançada em 1966 e que depois rendeu vários filmes, nesta sexta-feira (27), soa como mantra triste pois a tripulação da Enterprise sofreu hoje um desfalque indelével: morreu o ator Leonardo Nimoy, que deu vida ao Sr. Spock, o perspicaz Imediato da nave que singrou o espaço sideral e embalou o sonho de milhões que alimentam o sonho da existência vida extraterrena.
E também aqueles que têm alguma curiosidade científica e embarcaram de mala e cuia na Enterprise. Esta vertente era especialmente sustentada pelo Sr. Spock, que baseava as suas intervenções na pétrea lógica vulcaneana. O comportamento do personagem, não se sabe se foi estabelecido de forma intencional por Gene Roddenberry, criador da série, e que acabou costurando os rumos da série.
Isso porque Spock era a voz da razão na imensidão do Cosmo. Não significa que ele estava sempre correto e a prova disso é que muitas vezes ele tinha que ceder ao impetuoso capitão James T. Kirk (William Shatner), que tinha em Spock e no Dr. MacCoy (DeForest Kelley), seus fiéis escudeiros. Kirk, era inteligente, audaz, tinha amplo senso de solidariedade, mas também se achava invulnerável. Era um diamante bruto que aos poucos foi sendo lapidado pelo Sr. Spock.
E a razão disso é que Spock o tirou de diversas enrascadas com Klingons e alienígenas, fazendo-os desmaiar com o aperto infalível que ele aplicava no ombro do “freguês”.
Spock continuará vivo na mente da legião de fãs da franquia Jornada nas Estrelas. Sua saudação “Vida longa e prosperidade”, ao mesmo tempo em que ergue a mão direita e junta os dedos mínimo com anular e repete o mesmo gesto com os dedos indicador e anelar, vai ecoar pela eternidade como gesto de paz e boa vontade.
Em “A Ira de Khan”, um dos longas de sucesso da franquia, Spock cunhou uma frase em que mostra porque a civilização de Vulcano estava anos-luz à frente dos humanos: “As necessidades de muitos se sobrepõem à necessidade de um”, disse ao dar a vida para salvar mais uma vez a tripulação. Aliás, salvar o dia era a sua especialidade.
Pulmão
Leonard Nimoy estava com 83 anos. Foi sua mulher, Susan Bay Nimoy, que confirmou a notícia da morte do ator ao “New York Times”.
Na semana passada, ele foi internado às pressas em um hospital de Los Angeles, EUA, após sentir fortes dores no peito. De acordo com o site TMZ, Nimoy precisou ir ao hospital várias vezes nos últimos meses devido a complicações decorrentes da doença.
Em fevereiro do ano passado, ele revelou ter uma grave doença no pulmão. “Parei de fumar 30 anos atrás. Não cedo o suficiente. Eu tenho COPD [doença pulmonar obstrutiva crônica]. O vovô aqui diz pare agora!”, escreveu em sua conta oficial no Twitter, na ocasião.
A enfermidade de que Nimoy sofria – conhecida no Brasil como DPOC – tem forte relação com o fumo. Ela é mais comum em adultos, principalmente a partir dos 40 anos. Causa falta de ar, fadiga muscular e insuficiência respiratória, e é apontada pelo Ministério da Saúde como uma das principais causas de mortalidade no Brasil.
O trabalho mais recente dele como Spock é “Além da escuridão: Star Trek” (2013), segundo longa da franquia desde a retomada com “Star Trek” (2009), sob direção de J.J. Abrams.
As cinzas de Gene Roddenberry foram lançadas em 1997 no espaço pela nave espacial Celestis. Com certeza, Sr. Spock também merece um funeral com a mesma grandeza!
“Diário de bordo, data estelar 2715x. Estamos rumando para Régula 7, um sistema hostil à Federação. Nossa ú,;nica de chance de passarmos desperbidos é atravessar a Nebulosa de Antares, que esconde perigos desconhecidos…”