Morre o artista Aldir Mendes

Morreu na manhã de anteontem o artista plástico paulistano Aldir Mendes de Souza. Nascido no bairro do Ipiranga no dia 17 de maio de 1941, Aldir era casado com Solange Perrella Mendes de Souza e pai de Letícia e Aldir Mendes de Souza Filho, estava internado há três semanas no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, onde faleceu vítima de complicações originadas por uma leucemia.

Ao longo de mais de 45 anos Aldir construiu uma sólida carreira, tendo participado de eventos de destaque como a Bienal Internacional de São Paulo em 1967, 1969, 1971, 1973 e 1977; Bienal Ibero- Americana do México, em 1987 e 1989; Bienal de Havana, Cuba, em 1991, além de diversas exposições individuais nas principais galerias do Brasil bem como em galerias dos Estados Unidos, Itália, Portugal, França e Espanha.

Alheio aos dogmas ortodoxos de sua época, Aldir iniciou sua carreira marcado fortemente pelo experimentalismo, tendo realizado performances e trabalhos artísticos com chapas e filmes em raio-X. Segundo o também artista Eduardo Kac, estes trabalhos conferiram a Aldir o pioneirismo na produção artística através de novas mídias no Brasil (assim como Waldemar Cordeiro, que na mesma época desenvolvia trabalhos gerados por computador).

Desde então, conforme analisa o crítico de arte paulistano Olívio Tavares de Araújo, Aldir trilha uma trajetória inversa, partindo do experimentalismo de vanguarda a uma busca interior da arte através da pintura de cavalete. Elegeu inicialmente o cafezal como tema e passou a analisar a geometrização agrária como suporte para o desenvolvimento de suas pesquisas pictóricas. Sua temática evoluiu ao passar dos anos por temas diversos, da física quântica à anatomia animal, sempre tendo como foco principal o cromatismo e os movimentos da cor, características que se tornaram sua marca registrada.

Em 2005 Aldir descobriu ser portador de uma grave leucemia. Debilitado pela doença, não deixou de produzir, utilizando-se inclusive da enfermidade como motivação e inspiração para suas obras através da série Campos de batalha, que faz analogia à batalha celular ocorrida no organismo do artista. Interrompido pelo agravamento de seu quadro clínico, Aldir não chegou a expor a nova fase. O trabalho desenvolvido ao longo das décadas de produção de Aldir o faz figurar entre os grandes coloristas do país. 

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