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Morre Nelly Novaes Coelho aos 95 anos

Morreu no último dia 29 de novembro a professora e ensaísta Nelly Novaes Coelho, aos 95 anos. A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 28, pela família. Segundo o filho de Nelly, Márcio Novaes Coelho, ela sofreu um ataque cardíaco há 3 anos e tinha um quadro de demência. Nos últimos meses, o coração ficou cada vez mais fraco e a falência do órgãos ocorreu no dia 29 de novembro. A missa de 30 dias será realizada nesta sexta-feira, 29, às 17h, na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (R. Honório Líbero, 90 – Jardim Paulistano, São Paulo – SP).

Referência nacional na área de literatura infantil e juvenil, Nelly criou em 1980 a primeira cadeira sobre o tema no curso de letras da USP. Na década de 1960, foi colaboradora frequente do jornal O Estado de S. Paulo.

Ela iniciou a carreira acadêmica em 1955 no mesmo curso, e em 1961 assumiu uma cadeira na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Unesp de Marília. O interesse por literatura infantil se intensificou no fim dos anos 1970, em 1981 ela se tornou professora adjunta da USP, e quatro anos depois assumiu como titular. Em 1992 foi aposentada compulsoriamente, mas seguiu se dedicando a projetos como a reedição do Dicionário Crítico da Literatura Infantil e Juvenil Brasileira (publicado originalmente em 1983, reeditado em 2007), que cataloga 704 autores.

Na época da nova edição, em 2007, a escritora falou à reportagem e manifestou sua admiração pela obra de Monteiro Lobato. “Ele possuía um forte desejo de ruptura que vai se concretizar na invenção literária que caracteriza seu estilo para crianças: a fusão do real com o maravilhoso, no qual a lógica tradicional é abolida e um novo espaço é aberto para a crítica”, disse, na ocasião.

Ela também elogiou os livros da série Harry Potter. “Eu adoro. Ele traz a multiplicidade de visões de um mesmo objeto que marca a literatura atual. A autora trabalha com todos os arquétipos da condição humana (paixão, ciúmes, ódios) e é muito benéfico para a formação de uma consciência de mundo”, disse.

Nelly é autora de diversos livros considerados marcos no estudo de literatura infantil no Brasil, entre eles Literatura Infantil – Teoria, Análise, Didática (1981), Panorama Histórico da Literatura Infantil/Juvenil (1984) e O Conto de Fadas – Símbolos, Mitos, Arquétipos (1987).

Sua aposentadoria em 1992 não a afastou da Universidade. Entre cursos de pós-graduação e orientação de estudos, ainda se dedicou à literatura produzida por escritoras, que resultou no Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras (2002).

A notícia da sua morte repercutiu muito nos círculos acadêmicos e literários, com muitos ex-alunos, colegas e escritores prestando homenagens ao legado de Nelly.

“Professora titular da USP, a professora Nelly foi pioneira na inclusão da literatura infantil no horizonte universitário brasileiro”, escreveu a pesquisadora Marisa Lajolo, em seu perfil no Facebook. “A partir de 1982, ano da publicação de seu ‘Dicionário Crítico de Literatura Infantil e Juvenil Brasileira’, ela foi incansável na promoção da área, que – sem ela – fica mais pobre. Que estas linhas sejam uma homenagem póstuma. Merecida, justa e sincera.”

A Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil também prestou uma homenagem. ” Nelly desempenhou um importante papel na LIJ brasileira ao lançar o “Dicionário Crítico da Literatura Infantil e Juvenil Brasileira” (Companhia Editora Nacional) em 1983, primeira obra sobre o tema que se tornou referência para pesquisadores e especialistas. (…) Nelly deixa um legado único no campo da Literatura e, em especial, na LIJ, como pioneira nos estudos e pesquisas dos livros para crianças e jovens”, diz a nota da instituição.

A escritora Ana Maria Machado também usou as redes sociais para prestar uma homenagem. “Entre as obras dessa professora e pesquisadora, de grande qualidade intelectual e imensa capacidade de trabalho, destaca-se seu olhar atento sobre os livros para crianças e jovens, aos quais dedicou vários títulos — como seu precioso clássico, o “Dicionário Crítico da Literatura infantil e Juvenil Brasileira”, escreveu Ana Maria.

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