Emilinha Borba marcou a era do |
Rio de Janeiro (Agências) – A cantora Emilinha Borba, de 81 anos, morreu ontem por volta das 15h no momento em que almoçava em seu apartamento na Rua Figueiredo Magalhães, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Emilinha teve um mal súbito e faleceu sem que tivesse tempo de ser socorrida. O médico da família acredita que ela sofreu um enfarte.
A cantora ficou famosa na era do rádio, nas décadas de 40 e 50. Na época, os empresários de Emília Savana da Silva Borba, a Emilinha, alimentavam a rivalidade com outra diva do rádio brasileiro, a cantora Marlene.
Em junho último, Emilinha, que ficou conhecida como a ?rainha do rádio?, teve que ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Casa de Saúde Pinheiro Machado, em Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, com traumatismo craniano e hemorragia intra-cerebral, decorrente da queda em uma escada.
Com a entrada de Emilinha na Rádio Nacional – ?E agora, a minha, a sua, a nossa favorita… Emilinha Borba!? – o auditório da Rádio Nacional vinha abaixo. Ela tinha um impressionante fenômeno de popularidade, que não durou com o surgimento da televisão e seus novos ídolos.
Emilinha nasceu no bairro carioca da Mangueira, o que selou sua ligação à escola de samba desde cedo. Ainda criança começou a se apresentar em programas de auditório e de calouros no rádio até formar a dupla As Moreninhas ao lado de Bidu Reis, que durou pouco mais de um ano.
Em 1939, Emilinha gravou seu primeiro disco solo pela Columbia e conseguiu, com a ajuda de Carmen Miranda, ser contratada pelo Cassino da Urca como cro-oner. Depois assinou contrato com a Rádio Nacional e lá ficou por 27 anos, tornando-se uma das mais conhecidas estrelas do rádio.
Ganhou muitos títulos e prêmios nos anos 50s. Seu fã-clube exaltado tem uma rixa eterna com o da cantora Marlene. As duas disputaram várias vezes o posto de ?rainha do rádio?, mas mesmo assim gravaram juntas diversas faixas.
Entre os grandes sucessos de Emilinha estão: Dez anos (versão de Lourival Faisal para a música de Rafael Hernandez), Cachito (Consuelo Velasquez, versão de A. Bougert), Baião de dois (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira), Se queres saber (Peterpan), Escandalosa (Djalma Esteves/ Moacir Silva), Chiquita bacana (João de Barro/ A. Ribeiro), Primavera no Rio (João de Barro) e Paraíba (L. Gonzaga/ H. Teixeira).
Insubstituível
Amigos lamentaram a perda de Emilinha Borba. Para o cantor Cauby Peixoto, a diva é insubstituível. ?Nunca vi, em país nenhum, um ídolo ser tão querido, fazer tanto sucesso quanto Emilinha Borba. Ela é um ícone, jamais terá substituta. Ficará um vazio enorme. Eu ficava sempre perto dela para ganhar fama, para sair nas revistas. Estar perto da Emilinha é estar com o sucesso. Eu fui um grande amigo dela, ela gostava muito de mim e confiava em mim. Eu tomava conta dela?, disse o cantor.
Para Adelaide Chiozzo, também cantora, Emilinha era como um parente muito próximo. ?Éramos como irmãs, nossas famílias são muito unidas. Ninguém teve a popularidade dela. Nós sempre fomos parecidas, gostávamos de cuidar dos filhos, da casa. Uma vez Emilinha estava rouca e me chamou para ajudá-la a fazer um show. Ela me disse: ?Você canta e eu mexo a boca.? Fiquei atrás do palco cantando e ninguém percebeu. Depois rimos muito dessa história. Hoje de manhã acordei e pensei nela. Pensei: ?Deus queira que ela melhore.?? O Brasil vai ficar transtornado. Era uma excelente pessoa, simpática, muito amável. No domingo passado, fiz um show em homenagem a ela, e cantei a música Escandalosa (um dos grandes sucessos de Emilinha).?
A atriz Marília Pera disse que a cantora deixará uma lembrança muito alegre. ?Lembro bem dela com aquela pintinha no queixo, em alguns filmes. Não imaginava que ela estivesse tão doentinha. Outro dia alguém foi me ver no teatro e disse que ela também iria. Em 1989, quando eu fazia o Elas por ela, em que a imitava, ela subiu uma vez no palco. Tomara que a alegria da Emilinha, a ingenuidade, a bondade fiquem para sempre. Acredito que ela deixa uma legião de fãs. Eu sou uma delas.?