Morre artista Wesley Duke Lee, aos 78 anos

O “realista mágico à sua disposição”, é como o artista paulistano Wesley Duke Lee brincava ao se apresentar para as pessoas. Criador provocativo e inquieto, ele morreu na madrugada de ontem, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, aos 78 anos. Diagnosticado, há cerca de 3 anos, com o mal de Alzheimer, sua morte ocorreu por broncoaspiração e parada cardíaca em decorrência de sua doença, como afirma a sobrinha do artista, Patricia Lee. Segundo ela, não será realizado velório, mas cerimônia hoje, às 16 horas, no crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra. “Colocaremos na ocasião uma frase que ele sempre dizia, ‘A verdade não pode ser dita, só revelada'”, diz Patricia.

Desenhista, gravador, pintor e professor, Wesley Duke Lee nasceu em 21 de dezembro de 1931. A década de 1960 foi especial para o artista, um dos introdutores da Nova Figuração no Brasil. Na época, ele promoveu ações polêmicas que se tornaram emblemáticas de sua carreira, como a realização do happening O Grande Espetáculo das Artes, em outubro de 1963, no João Sebastião Bar, na Rua Major Sertório, em São Paulo – apresentou para uma multidão desenhos eróticos de sua famosa Série das Ligas vistos com lanternas em meio a um strip-tease -; a criação, em 1966, da Rex Gallery com os artistas Geraldo de Barros, Nelson Leirner, José Resende, Carlos Fajardo e Frederico Nasser; ou ainda de trabalhos/ambientes que são considerados as primeiras experimentações do que hoje conhecemos por instalação, como Trapézio (1966) e Helicóptero (1969).

Neste momento, duas iniciativas felizes homenageiam o artista. Em julho, o marchand Max Perlingeiro, diretor da Pinakotheke Cultural, inaugurou a mostra Wesley Duke Lee na sede da instituição, no Rio, com 65 desenhos, pinturas, “obras ambientais” e objetos realizados pelo criador entre 1952 e 1999 – acompanhando a exposição, foi lançado amplo livro. A mostra, que fica em cartaz no Rio até 2 de outubro, virá para o espaço da Pinakotheke em São Paulo, ficando em cartaz entre 23 de outubro (coincidentemente, a mesma data em que Wesley realizou O Grande Espetáculo das Artes, em 63) e 5 de dezembro.

Curioso ainda é que Perlingeiro emprestou uma das obras da exposição, o tríptico O Nome do Cadeado É: As Circunstâncias e Seus Guardiães, de 1966, para a sala com curadoria de Fernanda Lopes que a 29.ª Bienal de São Paulo vai dedicar ao Grupo Rex. A Rex Gallery movimentou a cena de São Paulo entre junho de 1966 e maio de 1967 com happenings, mostras e evocações de uma maneira alternativa de se fazer mercado. A última retrospectiva do artista ocorreu em 1992, no Masp e no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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