Jean Boghici, um dos maiores colecionadores de arte do Rio e pioneiro neste mercado, faleceu na madrugada desta segunda-feira, 1, aos 87 anos, em consequência de uma embolia pulmonar. Ele estava internado no Hospital Samaritano, na zona sul da capital fluminense.

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Marchand de maior longevidade da cidade, Boghici era um nome de peso no mundo das artes plásticas, e se tornou conhecido, fora desses limites, por conta do incêndio que destruiu, em 2012, parte de sua coleção particular, que estava no apartamento em que vivia com a mulher, em Copacabana. As principais perdas foram as telas Samba (1925), de Di Cavalcanti, e Floresta Tropical (1938), de Guignard.

Na época, ele deu declarações otimistas, apesar de dizer que a sensação era de que “uma bomba de Hiroshima” tivesse atingido seu apartamento. Lamentou mais a perda de sua gata do que das obras. “Queimou, qual o problema? Vai ficar tudo bom de novo. Já tive esse problema na década de 1970, perdi vários quadros e fiquei doente praticamente. Na época, fiz uma bela exposição e foi uma vingança contra o destino. Vamos fazer exposição muito bonita para me vingar”.

A ‘vingança’ da vez foi uma abrangente exposição montada por ocasião da abertura do Museu de Arte do Rio, sete meses depois do incêndio, intitulada O colecionador, com quadros representativos do modernismo, do surrealismo, da pintura primitiva, da abstração informal, da abstração construtiva, da nova figuração, da pintura russa e da pintura. Esses eram os maiores interesses de Boghici em termos de movimentos artísticos. O que havia sido queimado entrou no catálogo.

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Com 136 obras, de nomes como Tarsila, Lygia Clark, Di Cavalcanti, Brecheret, Kandinsky e Rodin, entre outros grandes artistas dos últimos séculos, a mostra recebeu 258 mil pessoas de março a setembro de 2013.

Romeno radicado no Brasil desde 1949, fugido do pós-guerra, Boghici se tornou amigo de artistas como Di Cavalcanti e Guignard, e fundou uma das primeiras galerias de arte do Rio, a Relevo, aberta em 1961 em Ipanema. Como colecionador, ajudou a formar pelo menos duas das maiores coleções brasileiras, como as de Gilberto Chateaubriand e Sergio Fadel, trazendo obras de artistas internacionais.

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Boghici será enterrado nesta segunda-feira, às 17 horas, no cemitério São João Batista, zona sul do Rio.