O escritor israelense Amos Oz morreu nesta sexta-feira, 28, anunciou no Twitter sua filha, Fania Oz-Salzberge. Ele estava com 79 anos e não foi anunciada a causa da morte, mas o autor sofria de câncer. “Meu querido pai acaba de falecer de câncer depois de uma rápida piora”, anotou Fania.
Um dos mais prestigiados escritores de seu país, com obra amplamente traduzida graças principalmente ao seu tom pacifista, Oz nasceu em Jerusalém em 1939 e mudou-se para o Kibbutz Hulda ainda adolescente. Após seu serviço militar na Brigada Nahal das Forças de Defesa de Israel, ele estudou filosofia e literatura hebraica na Universidade Hebraica de Jerusalém.
Conhecido por suas inúmeras manifestações políticas pacifistas, ele era o ficcionista israelense mais lido nas dezenas de países onde seus livros são traduzidos. Por um motivo simples: em suas histórias, o cotidiano de pessoas comuns se mistura às dificuldades de uma comunidade em permanente conflito. Em De Repente, Nas Profundezas do Bosque, por exemplo, a narrativa começa com uma professora solteirona mostrando desenhos dos bichos que existiram outrora. As crianças, porém, riem e zombam da mestra, pois aprenderam em casa que tais bichos não passam de mitos dos quais nem é bom falar – um simples comentário pode despertar uma maldição e a boca pecadora contrai a “doença do relincho” e, tal qual o pobre menino Nimi, passa a se comportar como um potro.
Oz iniciou sua carreira literária em 1961, quando tinha apenas 22 anos de idade. No total, publicou mais de 18 livros em hebraico, entre romances, coletâneas de contos e ensaios e cerca de 500 artigos e ensaios para periódicos internacionais.
Antes de iniciar seus estudos universitários, Oz passou três anos na Brigada Nahal das Forças de Defesa de Israel e voltou ao serviço durante a Guerra dos Seis Dias de 1967 e a Guerra do Yom Kippur, em 1973.
Foi depois de suas experiências no exército que Oz adotou uma rígida postura política, que o tornou um homem ativo na promoção do diálogo e da paz entre Israel e seus vizinhos árabes. Ele também escreveu de forma extensiva sobre o conflito de Israel com os árabes, pedindo diálogo e contenção.
Em abril passado, por exemplo, em entrevista à imprensa alemã, Oz revelou sua preocupação com a cidade de Jerusalém. “Não sei o que o futuro reserva para Jerusalém, mas sei o que deve acontecer. Todos os países do mundo devem seguir o exemplo do presidente americano Donald Trump e transferir sua embaixada em Israel para Jerusalém. Ao mesmo tempo, cada um desses países deveria abrir sua própria embaixada em Jerusalém Oriental como a capital do povo palestino”, disse.