Morreu na madrugada de hoje o ator Laerte Morrone, aos 72 anos, no Hospital São Paulo, de complicações pulmonares, após uma cirurgia de vesícula. Até a manhã de hoje, a causa da morte ainda não estava confirmada e o enterro está previsto para amanhã (06), no Cemitério do Araçá. Ao longo de mais de 50 anos de carreira, ele atuou em teatro – onde trabalhou com diretores como Ademar Guerra, em peças como "Hair" e "Marat Sade", e Antonio Abujamra, "Volpone" e "Crimes Delicados" -, e em televisão, em novelas como "Elas por Elas", "Sassaricando" e "Que Rei Sou Eu?". Na telinha foi ainda o criador do primeiro Garibaldo, de "Vila Sésamo", sob direção de Ademar Guerra. Atuando na Secretaria Estadual do Menor, chegou a criar espetáculos com 1,3 mil crianças carentes, como "A Independência do Menor", apresentado no Museu do Ipiranga.
De ascendência italiana, filho de Ignez e Luiz Morrone, respectivamente uma pianista e um premiado escultor, ele nasceu em São Paulo, no dia 16 de julho de 1932. Apesar da resistência do pai, que não desejava ver seu filho seguindo a sempre difícil no Brasil, carreira artística, começou cedo a fazer teatro amador. "Dos meus pais não herdei o dom da música ou da escultura, mas o senso crítico do feio e do belo", dizia. No início da carreira, tentou entrar para a Escola de Arte Dramática (EAD), mas foi reprovado na prova de língua portuguesa. "Peguei então o dinheiro de meu pai e fiquei quatro anos na Europa. Acho que aprendi alguma coisa vendo teatro", declarou.
O talento cômico rendeu-lhe elogios e chamou a atenção da crítica em peça como El Grande de Coca-Cola e Orquestra de "Senhoritas". Versátil, protagonizou uma bem-sucedida montagem de "Volpone" , peça de Ben Jonson, autor inglês contemporâneo de Shakespeare, sob direção de Antonio Abujamra. Com esse mesmo diretor, atuaria ainda em "Crimes Delicados", de José Antonio de Souza. Mas ele próprio considerava seu papel na peça "O Bebê Furioso", do espanhol Manuel Martinez Mediero, em montagem realizada em 1981, sob direção de Hugo Barreto, como sua primeira oportunidade, no teatro, de unir os aspectos dramático e cômico. Nesse espetáculo, ele vivia o bebê do título e a atriz Irene Stefânia era sua mãe. "É a primeira vez que uno o sério e o cômico ao mesmo tempo, porque o bebê reage como criança, ao ser contrariado, mas critica a família com sarcasmo de adulto e aguçado senso crítico."
Oportunidades semelhantes viveria muitas vezes na televisão. Em 1985, na novela "O Gato Comeu", ele interpretou um garçom pobre que enganava os outros fazendo-se passar por um tal Conde de Parma. "Tem tanta gente assim na vida", brincou, referindo-se ao seu personagem. Fez sucesso ainda como o Dr. Roberto de "Elas por Elas". Depois de muitos anos afastado dos palcos paulistanos, voltou atuando sob direção de Elvira Gentil na peça "O Montador", seu último trabalho apresentado nos palcos paulistanos, em 1994.