Após passar os últimos 12 anos em coma, uma das mais destacadas instrumentistas da Bossa Nova, Maria Rosa Canellas, a Rosinha de Valença, 62 anos, morreu no início da madrugada de ontem, de insuficiência respiratória, em sua cidade natal, Valença, no sul do Estado. A violonista vivia em estado vegetativo desde 1992, quando uma parada cardíaca provocou uma lesão permanente no cérebro.
Rosinha morava com a irmã mais nova, Maria das Graças, em um bairro humilde de Valença. Na noite de ontem, foi internada no Hospital Escola Luiz Giosef Jannuzzi e faleceu na primeira hora de hoje. Em 2002, em entrevista, a irmã da instrumentista contou que sofria muito em vê-la imobilizada, movendo apenas os olhos. Mas, ainda que a Justiça permitisse, descartou a possibilidade de apressar a morte de Rosinha por meio da eutanásia.
Precoce, a violonista já tocava em rádios e em bailes de Valença aos 12 anos. Deixou os estudos para dedicar-se inteiramente à carreira e, em 1963, mudou-se para o Rio. Descoberta pelo jornalista Sergio Porto, o Stanislaw Ponte Preta ganhou o nome artístico de Rosinha de Valença. Na descrição entusiasmada de Porto, a violonista tocava por uma cidade inteira.
Ela gravou o primeiro disco naquele ano e passou a trabalhar com Baden Powell. Três anos depois, viajava pelos Estados Unidos com o grupo de Sérgio Mendes, Brasil 65, junto com Chico Batera, Jorge Ben, Wanda Sá e Tião Neto. Depois, apresentou a música brasileira excursionando pela Europa. Tocou e produziu discos de Martinho da Vila, Nara Leão, Maria Bethânia e Miúcha, entre outros, e trabalhou com grandes nomes da música internacional, como o saxofonista Stan Getz e a cantora de jazz americana Sarah Vaughan.
Repercussão
” Rosinha foi uma das grandes virtuoses da MPB.” (Johnny Alf, cantor)
” Rosinha era uma excelente violonista e isso todo mundo já sabe. A imagem que guardo é de um belo sorriso que ela me deu durante a gravação de um programa para a TV Educativa do Rio.” (Tito Madi, cantor)
“Convivi muito pouco com ela, mas o suficiente para saber o quanto ela foi generosa, doce, bacana e bom caráter. Sem dúvida, uma artista maravilhosa, uma das maiores violonistas do Brasil.” (Carlos Lyra, compositor)
“Até logo Rosinha, vá com Deus.” (João Donato, pianista e compositor)
“É uma perda irreparável mesmo. A Rosinha entrou em coma muito nova, com apenas 50 anos, no auge da carreira. Ela era uma ótima instrumentista.” (Dona Ivone Lara, cantora e compositora)